No estacionamento da Catedral de St. Giles, em Edimburgo, Escócia, existe uma vaga de estacionamento distinta das demais. A razão para a importância da vaga nº 23 se deve ao fato de marcar o local do sepultamento de John Knox. Até hoje, Knox continua a ser uma figura polarizada. Ele é amado e odiado. Se você visitar Edimburgo, perceberá que os turistas conhecem mais sobre Knox do que os habitantes locais, mas se você encontrar algum nativo que conheça Knox, ele provavelmente te dirá o quanto despreza o homem.
Após a morte de Knox, ele teve um enterro digno com uma lápide digna, mas com o tempo, o conselho municipal de Edimburgo decidiu remover a lápide de pedra e pavimentar o túmulo com um lote de estacionamento. Mais tarde foi decidido, no mínimo, colocar uma marca sobre o local onde o reformador escocês está enterrado. Hoje, se você visitar a Catedral de St. Giles, onde Knox pastoreou, se ninguém estiver estacionado na vaga 23, você encontrará um pequeno letreiro indicando que é o local aproximado do túmulo de John Knox.
Lembre-se de John Knox
John Knox é transcendente. Ele era um católico romano que se tornou um pastor reformado. Ele foi levado cativo e passou um tempo como escravo de galera em um navio (parte inferior do navio, onde se rema em equipe). Ele se tornou amigo de João Calvino. Ele é o fundador da Igreja Presbiteriana na Escócia. Ele é o patrono do puritanismo na Inglaterra. Ele foi convocado para comparecer diante da Rainha para defender sua pregação. Ele foi um autor prolífico que escreveu credos, confissões e livros polêmicos. Ele desempenhou um grande papel na tradução e nas notas de estudo da Bíblia de Genebra de 1560, que se tornou a primeira Bíblia de estudo na História do mundo. No entanto, muitas pessoas se esquecem do grande reformador.
Em 1559, John Knox retornou à sua terra natal, na Escócia, de onde nunca mais sairia. Depois de viver em várias cidades e servir a Deus no exílio, o reformador voltou para casa. Ele estava comprometido com o trabalho da Reforma na Escócia e, como veria ao chegar, a terra era literalmente um deserto espiritual. Deus o preparou para uma grande tarefa na Reforma da Escócia. D. Martyn Lloyd-Jones disse sobre Knox:
[Knox] era um homem de seu tempo; um homem para sua época. Homens especiais são necessários para momentos especiais; e Deus sempre produz tais homens. Um homem brando teria sido inútil na Escócia do século XVI e em muitas outras partes deste país. Era necessário um homem forte, um homem severo, um homem corajoso; e tal homem era John Knox… Naquela época, era necessário ter um caráter heróico e robusto. Deus produziu esse homem.
John Knox deve ser lembrado, dentre muitas razões, pelo fato de que ele permaneceu inabalável em meio a pressões políticas e religiosas que tentavam esfriar seu zelo e dificultar seu ministério.
Lembre-se da coragem do Reformador
John Knox conhecia bem a controvérsia. No início de seu ministério, ele se referiu à Rainha Maria I, conhecida como Maria Sangrenta por causa de sua ira contra os protestantes, como “aquela que idolatrava Jezabel”. Quando a Rainha Regente (Maria de Guise) assumiu o trono – Knox insistiu que os protestantes se recusassem a celebrar a missa católica, chamando-a de idólatra.
Como resultado, Knox foi convocado a Edimburgo para comparecer perante a Rainha e responder por sua pregação. Ele concordou em comparecer e muitos protestantes anunciaram que também marchariam para Edimburgo em apoio ao Reformador. Isso criou um grande rebuliço, então a convocação foi cancelada. Isto apenas intensificaria a pregação de Knox sobre a justificação somente pela fé em Cristo.
Maria, Rainha da Escócia, sucederia a Rainha Regente ao trono. Ela chegou à Escócia em 19 de agosto de 1561 com uma recepção calorosa. Ela se apressou em resistir ao progresso da Reforma. Ela era uma católica romana convicta. Maria instituiu uma missa católica no primeiro domingo após sua chegada. Isto foi visto como uma ameaça ferrenha e John Knox estava disposto a tomar a sua posição.
No Dia do Senhor seguinte, John Knox subiu ao púlpito em St. Giles e trovejou contra a Rainha em seu sermão. Um homem, William Cecil, que servia como Secretário de Estado, esteve presente no sermão e escreveu o seguinte em uma carta:
Garanto-lhe que a voz de um homem [Knox] é capaz, em uma hora, de dar mais vida a nós do que quinhentas trombetas continuamente soando em nossos ouvidos.
O toque de trombeta chegou aos ouvidos da Rainha que estava descontente com a pregação de Knox. Ela chamou Knox para um interrogatório. Quando ela desafiou o reformador, ele se manteve inabalável. Knox entendia sua autoridade e poder. Ele se manteve firme diante do trono da poderosa Rainha. Knox entendia que servia a um Deus que ocupava um trono elevadíssimo. Ele estava comprometido em servir a Deus e não ao homem.
John Knox se manteve inabalável diante do trono da poderosa Rainha. O Reformador entendia que servia a um Deus que ocupava um trono elevadíssimo. Ele estava comprometido em servir a Deus e não ao homem.
A Rainha chamou Knox para se explicar por sua pregação. Esta seria a primeira de uma série de entrevistas históricas em que Knox seria chamado para comparecer perante a Rainha. Neste primeiro encontro, ela desafiou Knox dizendo:
Vós interpretais as Escrituras de uma maneira, e eles interpretam de outra. Em quem devo acreditar? Quem será o juiz?
Knox respondeu:
Senhora, deves crer em Deus, [que] fala claramente em Sua Palavra… A Palavra de Deus é clara em si mesma. Se aparecer alguma obscuridade em algum lugar, o Espírito Santo, que nunca é contrário a Si mesmo, explica o mesmo mais claramente em outros lugares.
Knox não se deixou influenciar pelo poder da Rainha e suas ameaças estrondosas. Este foi apenas o primeiro de vários encontros e entrevistas que ela teria com o pregador. Mais tarde, no calor da sua batalha com o reformador escocês, ela diria o seguinte:
Temo mais as orações de John Knox do que todos os exércitos reunidos da Europa.
A oração de John Knox foi simples: “Dê-me a Escócia ou morro”. Que o Senhor levante muitos pregadores que possuam a mesma ousadia do reformador escocês. Ele pode estar enterrado no estacionamento nº 23 nos fundos de St. Giles, mas ele ainda vive nos corações daqueles que continuam a marchar para a glória de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.
