A maior e mais urgente contribuição semanal da igreja é a pregação da Palavra de Deus. Na nossa cultura evangélica moderna, que é impulsionada pelo entretenimento e por todos os tipos de métodos para atrair incrédulos para a igreja, tal afirmação pode parecer fora de sintonia com a realidade. Entretanto, qualquer avaliação verdadeira da funcionalidade da igreja revelará que cada área da vida e da filosofia do ministério da igreja está diretamente ligada à pregação da Palavra de Deus. Ela deve ocupar o lugar principal na vida da igreja porque ela define o rumo de todo o ministério da igreja local.
David Martyn Lloyd-Jones (20 de dezembro de 1899 – 1 de março de 1981) foi um médico galês que deixou a prática da medicina para servir como pastor protestante. Ele foi influente nos círculos evangélicos reformados na Grã-Bretanha durante o século 20, mas seu ministério se expandiu para os Estados Unidos e além. Ele foi chamado para pastorear a Capela de Westminster, em Londres, a poucos quarteirões do Palácio de Buckingham – posição que ocuparia por quase 30 anos. Hoje, o ministério do galês continua através dos seus escritos e sermões que continuam a deixar uma marca permanente nos cristãos de todo o mundo.
Paul Washer declarou: “Algumas pessoas chamam Edwards de o último puritano, eu acredito que seja Martyn Lloyd-Jones o último dos puritanos.” Por que as pessoas se lembram de Martyn Lloyd-Jones hoje? Não é por causa de seus programas engenhosos ou de tentativas de entreter o “público alvo”. É por causa de sua fiel proclamação da Palavra de Deus. R.C. Sproul disse: “Acredito que Martyn Lloyd-Jones foi para a Grã-Bretanha do século XX o que Charles Spurgeon foi para o século XIX”.
Quando se reflete sobre o ministério de D. Martyn Lloyd-Jones, certamente a sua pregação rica, calorosa e poderosa deve estar em primeiro lugar. Embora as pessoas se reunissem em sua igreja para receber conselhos, foi sua pregação que transformou vidas. Seu livro, Preaching and Preachers (Pregação e Pregadores), foi um livro derivado de uma série de palestras que ele deu no Westminster Theological Seminary (Seminário Teológico de Westminster). Em maior livro, Martyn Lloyd-Jones apresenta a definição de pregação em aproximadamente 45 páginas, onde argumenta o seguinte:
O que é pregação? É a Lógica pegando fogo! A pregação é a teologia que vem através de um homem que está em chamas. Uma verdadeira compreensão e experiência da Verdade levam a isso. Digo novamente que um homem que pode falar sobre essas coisas desapaixonadamente não tem direito algum de estar no púlpito; e nunca deveriam permitir que subisse em um.
Em seus primeiros dias de ministério, Martyn Lloyd-Jones serviu em uma igreja na comunidade de um vilarejo galês antes de ser chamado para servir como assistente do conhecido G. Campbell Morgan em Londres, na Capela de Westminster. Nos anos seguintes, quando o galês subisse ao púlpito, o seu ministério seria testado pela Blitz (campanha de bombardeamentos estratégicos realizada na Segunda Guerra Mundial pela Luftwaffe — a aeronautica alemã), ou seja, quando os alemães lançaram bombas sobre a cidade de Londres durante a Segunda Guerra Mundial.
Houve um período de 57 dias consecutivos em que bombas choveram sobre a cidade. A escuridão cobriu a terra. Durante esses dias, muitas pessoas no centro de Londres fugiam da cidade para locais mais seguros fora dela, na paisagem rural. Martyn Lloyd-Jones permaneceu em seu posto porque entendeu que, quer vivesse ou morresse como resultado da guerra, seria a pregação fiel da Palavra de Deus que irradiaria a luz nas trevas e daria paz em meio a tempestade para as ovelhas que estavam ebaixo de seus cuidados.
“O que é pregação? É a lógica pegando fogo! A pregação é a teologia que vem através de um homem que está em chamas.” —D. Martin Lloyd-Jones
Em um domingo do verão de 1944, enquanto Martyn Lloyd-Jones liderava a congregação em oração antes de seu sermão do Dia do Senhor, uma bomba explodiu a uma curta distância da Capela de Westminster. Todo o edifício tremeu com o choque ensurdecedor. O gesso do teto caiu e Martyn Lloyd-Jones fez uma pausa na sua oração. Depois que a explosão e o eco da explosão cessaram, as pessoas foram atingidas por um pó branco e fino do gesso do teto que foi deslocado pela bomba. Após uma breve pausa, Martyn Lloyd-Jones continuou no seu dever com firmeza notável. Em vez de fugir do púlpito, ele permaneceu firme e pregou todo o seu sermão do Dia do Senhor.
A lição que Martyn Lloyd-Jones ensinou em sua pregação naquele dia era claro. O que acontece no púlpito é extremamente importante. A primazia da pregação ficou evidente no coração do galês naquele domingo e a congregação jamaisa esqueceu. Eles podem não ter se lembrado de todos os pontos do sermão daquele Domingo, mas certamente se lembraram de que a pregação da Palavra é o principal meio ordinário de graça na vida da igreja. Não foram os alemães que lançaram a bomba naquele Dia do Senhor, foi Martyn Lloyd-Jones.
“Pregar a Palavra é a tarefa principal da Igreja… e não devemos permitir que nada nos desvie disto, por melhor que seja a causa, por maior que seja a necessidade.” —D. Martin Lloyd-Jones
O que acontece no púlpito todas as semanas é importante. Vida e morte estão em jogo. A pregação de um único sermão deixará uma marca indelével na vida da igreja. De certa forma, um único sermão terá um impacto imediato e, ao mesmo tempo, uma influência geracional. Isto é o que Lloyd-Jones entendeu sobre a pregação da Palavra. É também disso que sua filha Ann se lembra sobre a pregação de seu pai. Ela afirma: “Ele era sério no púlpito e urgente para com as almas que o ouviam”.
À medida que os cristãos se reúnem na igreja todos os Dias do Senhor, deve haver uma compreensão comunitária de que todo culto é importante, mas no centro de tudo está a pregação da Sagrada Palavra de Deus. Quando muitas igrejas recorrem a truques e estratégias culturais para fazer crescer as suas igrejas, devemos lembrar-nos do ministério perseverante, caloroso e fiel de D. Martyn Lloyd-Jones. le conclui:
Pregar a Palavra é a tarefa principal da Igreja, dos líderes da Igreja, das pessoas que estão nesta posição de autoridade; e não devemos permitir que nada nos desvie disto, por melhor que seja a causa, por maior que seja a necessidade
