Uma Igreja Pura

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embora durante a presente era o reino e a adoração (Igreja) estejam separados, Deus pretende um dia uni-los no governo do seu Ungido. A questão para nós é, obviamente, onde estamos hoje neste plano de Deus para uma teocracia santa, união perfeita de reino e adoração no governo real e ministério sacerdotal do Segundo Adão.

O livro de Hebreus aborda tanto o reino quanto a adoração hoje. Primeiro, o autor cita a declaração de Deus no Salmo 8, de que Ele pretende que o homem exerça domínio real sobre toda a terra; entretanto, “Atualmente, ainda não vemos tudo sujeito a ele” (Hb 2:8). O Primeiro Adão falhou, e portanto nem todas as coisas estão sujeitas ao filho do homem. Mas, “por causa do sofrimento da morte”, Jesus é “coroado de glória e de honra” (Hb 2:9) – Ele conquistou o direito de governar; Cristo está, como afirma o Salmo 110, atualmente sentado à direita do Pai até que Ele faça dos seus inimigos o seu escabelo. O reino eterno perfeito foi prometido e já assegurado, mas ainda não é uma realidade consumada. Cristo governa soberanamente sobre toda a criação como o Filho de Deus, e reina sobre o seu povo redimido, mas a consumação de seu governo sobre todas as coisas na terra, como o Filho do Homem, acontecerá quando Ele retornar, quando “o reino deste mundo” – isto é, o reino da graça comum – “se tornar o reino de nosso Senhor e Cristo” (Apocalipse 11:15).

Resumindo, se olharmos para o Antigo Testamento em busca de uma analogia com a nossa situação atual como cristãos, seremos mais parecidos com os patriarcas peregrinos e os hebreus exilados do que com as sagradas teocracias do Jardim do Éden ou da Mosaica. De fato, é exatamente assim que o Novo Testamento nos retrata. Pedro nos chama especificamente de “estrangeiros e exilados” (1 Pedro 2:11). “A nossa cidadania está nos céus”, diz-nos Paulo (Fl 3,20); somos “cidadãos santos e membros da família de Deus” (Ef 2:19). Tal como Abraão na sua peregrinação ou Daniel na Babilónia, os cristãos participam nos aspectos de graça comum dos reinos terrenos que habitamos, mas “desejamos uma pátria melhor, isto é, uma pátria celestial” (Hb 11:16); ansiamos pela Jerusalém celestial acima de tudo (Sl 137:6). E que a Jerusalém celestial um dia descerá à terra, unindo reino e adoração como Deus decretou.

Resumindo, se olharmos para o Antigo Testamento em busca de uma analogia com a nossa situação atual como cristãos, seremos mais parecidos com os patriarcas peregrinos e os hebreus exilados do que com as sagradas teocracias do Éden ou Mosaica

No entanto, Hebreus também nos revela a natureza da nossa adoração hoje. O autor proclama no final do capítulo 12:

Vocês, porém, chegaram ao monte Sião, à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, aos incontáveis milhares de anjos em alegre reunião, à congregação dos filhos mais velhos, cujos nomes estão escritos no céu, e a Deus, que é juiz de todos, aos espíritos dos justos no céu, agora aperfeiçoados, a Jesus, o mediador da nova aliança, e ao sangue aspergido, que fala de coisas melhores do que falava o sangue de Abel. (Hebreus 12:22-24)

Este é o palácio/templo celestial que Isaías e João viram, o lugar onde o próprio Deus está entronizado, rodeado por seres celestiais.” Deus reina em um Templo Superior, os adoradores cristãos enxergam essa realidade, ou seja, uma verdadeira adoração do Céu. Paulo a descreve para os cristãos em Efésios 2:6 quando afirma que: “Deus nos ressuscitou com [Cristo] e nos fez assentar com Ele nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. Cristo está sentado no céu como Rei/Sacerdote, e como estamos nEle pela fé, estamos juntos com Ele no Céu. Paulo também nos diz em Efésios 2:18: “Porque por meio de [Cristo] nós. . . todos temos acesso ao Pai pelo mesmo Espírito.” Temos acesso ao Pai porque no Espírito de Cristo, estamos realmente ali, na presença de Deus no Céu.

Adoração Pura

A Bíblia declara que hoje somos cidadãos de dupla nacionalidade. Como membros da raça humana, somos cidadãos de reinos terrestres de graça comum e, portanto, praticamos nossa cidadania. Mas, em última análise, somos uma comunidade de adoração chamada com “herança imperecível, pura e imaculada, que não muda nem se deteriora, guardada para vocês no céu. Por meio da fé que vocês têm, Deus os protege com seu poder até que recebam essa salvação, pronta para ser revelada nos últimos tempos. ”(1 Pedro 1:4-5). Conseqüentemente, como Pedro afirma, “ Agora, porém, sejam santos em tudo que fizerem, como é santo aquele que os chamou. . . . Por isso, vivam com temor durante seu tempo como residentes na terra. Pois vocês sabem que o resgate para salvá-los do estilo de vida vazio que herdaram de seus antepassados não foi pago com simples ouro ou prata, que perdem seu valor” (1 Pedro 1:15, 17–18).

Ademais, embora sejamos cidadãos dos reinos da Graça Comum, a nossa conduta deve ser diferente dos ímpios, porque somos uma comunidade de adoração separada. Em 1 Pedro 1, percebemos qual deve ser a nossa conduta santa no meio dos incredulos, e no capítulo 2, Pedro fundamenta a base para essa conduta santa como uma comunidade de Adoração eleita. . Ele diz em 2:4: “Vocês tem se aproximado de Cristo” – a frase “aproximado” tem a mesma raiz de Hebreus 12:22 que diz “vocês subiram ao Monte Sião”. Isto indica a realidade de nos acehgarmos a presença de Deus no templo celestial como uma comunidade de adoração através de Cristo no Espírito. Foi isso que Isaías e João experimentaram quando entraram no templo celestial de Deus e o viram sublime e exaltado. Estar perto de Deus é a característica essencial dacomunidade de adoração escolhida.

Embora sejamos cidadãos dos reinos da Graça Comum, a nossa conduta deve ser diferente das pessoas incrédulas, porque somos uma comunidade de adoração separada

Pedro deixa o argumento muito claro em sua ilustração:

Vocês têm se aproximado de Cristo, a pedra viva. As pessoas o rejeitaram, mas Deus o escolheu para lhe conceder grande honra. E vocês também são pedras vivas, com as quais um templo espiritual é edificado. Além disso, são sacerdotes santos. Por meio de Jesus Cristo, oferecem sacrifícios espirituais que agradam a Deus. (1 Pedro 2:4,5)

Pedro usa a metáfora de um templo para descrever a natureza de quem somos como igreja do NT – somos uma casa espiritual e Jesus Cristo é nossa pedra angular. Novamente, isto se refere ao templo celestial ao qual Hebreus 12 diz que estamos. Mas Pedro amplia ainda mais a imagem. Não somos apenas um templo espiritual, somos também um sacerdócio santo, uma comunidade de adoração separada do resto da humanidade. Somos sacerdotes que “oferecem sacrifícios espirituais aceitáveis ​​a Deus por meio de Jesus Cristo”.

Pedro continua nos chamando assim em 2.9-10:

Vocês, porém, são povo escolhido, reino de sacerdotes, nação santa, propriedade exclusiva de Deus. Assim, vocês podem mostrar às pessoas como é admirável aquele que os chamou das trevas para sua maravilhosa luz. “Antes vocês não tinham identidade como povo, agora são povo de Deus. Antes não haviam recebido misericórdia, agora receberam misericórdia de Deus.”

Pedro está enfatizando nossa posição como cidadãos do reino superior – somos um povo chamado para ser propriedade de Deus. Embora ainda sejamos cidadãos de reinos da Graça Comum, somos, no entanto, separados dos outros cidadãos não redimidos porque recebemos a misericórdia de Deus – somos o povo exclusivo de Deus, “estrangeiros e exilados”, como Pedro nos chama mais uma vez no versículo 11.

Mas o que é extremamente importante reconhecer sobre o raciocínio de Pedro aqui é a conexão que ele faz entre a nossa identidade como comunidade de adoração escolhida e a nossa conduta como cidadãos dos reinos da Graça Comum. Seu foco nos primeiros 10 versículos do capítulo 2 versam sobre a realidade de adoração como paradigma para viver entre os ímpios. Conforme ele continua no versículo 11:

Amados, eu os advirto, como peregrinos e estrangeiros que são, a manter distância dos desejos carnais que lutam contra a alma. Procurem viver de maneira exemplar entre os que não creem. Assim, mesmo que eles os acusem de praticar o mal, verão seu comportamento correto e darão glória a Deus quando ele julgar o mundo.

Como comunidade de adoração escolhida, de cidadania celestial, devemos viver honrosamente entre os incrédulos, mostrando-lhes através das nossas vidas e testemunho como podem juntar-se a nós. Pedro ordenou aos crentes no capítulo anterior que fossem santos, não se conformassem “com as paixões da vossa antiga ignorância ” (1 Pedro 1:14), e mais tarde no capítulo 4 ele os exorta a abster-se de “fazer o que os gentios fazem” (1Pe 4.3). Paulo ordena aos crentes que “não andem mais como os gentios” (Ef 4:16) e “não se conformem com este mundo” (Rm 12:2). O restante da carta de Pedro essencialmente explica o que significa para um membro da comunidade exclusiva viver como cidadão em reinos de graça comum, incluindo o seu papel dentro do governo (2:13-17), vocação (2:18-17 e 25) e família (3:1-7), esperando plenamente que, como somos um povo distinto, tenhamos que sofrer por causa da justiça (3:14).

Como comunidade de adoração escolhida munidade de cidadania celestial, devemos viver honrosamente entre os incrédulos, mostrando-lhes através das nossas vidas e testemunho como podem juntar-se a nós.

Como a adoração pura forma uma Igreja pura

Este é o ponto de ligação essencial entre a nossa identidade como comunidade de adoração escolhida e o nosso envolvimento ativo nos reinos comuns. A adoração pura na terra, na qual participamos da verdadeira adoração do céu, forma uma igreja pura, uma comunidade chamada para viver fielmente nos reinos comuns do Mundo. É por isso que a nossa adoração agora deve ser regulada pelas Escrituras e modelada segundo o padrão teológico da verdadeira adoração, conforme prefigurado nos rituais do AT e revelado nas visões bíblicas de louvor celestial. Da criação à consumação, a adoração corporativa do povo de Deus é um memorial – uma reconstituição – da “teo-lógica” do verdadeiro louvor: o chamado de Deus para que seu povo tenha comunhão com Ele através do sacrifício de expiação que providenciou, ouvindo sua Palavra, respondendo com louvor, obedecendo, e culminando com uma bela imagem de comunhão perfeita com Deus em festa. Esta reconstituição de adoração comunitária na obra da aliança de Deus é o que progressivamente formará a teologia da adoração celestial e isto influencia como vivemos nesta era maligna.

A adoração influenciada pelas verdades espirituais da adoração celestial é o que Deus planejou para nos santificar. Nós vivemos pela fé à luz dessas realidades, assim como os santos de antigamente. A adoração nesta vida é moldada pelo nosso relacionamento de aliança com Deus através do Evangelho, as realidades espirituais da adoração celestial, nos santificam em uma igreja pura que vive à luz desse relacionamento porque esperamos pela nossa bendita esperança. Ao reencenar o que somos em Cristo, os adoradores cristãos tornam-se puros.

A adoração influenciada pelas verdades espirituais da adoração celestial é o que Deus planejou para nos santificar. Nós vivemos pela fé à luz dessas realidades, assim como os santos de antigamente

Vivemos agora pela fé e não por vista, uma vez que ainda não estamos fisicamente no reino superior; mas um dia a fé será visível. Agora, nos reunimos ao redor da mesa de Cristo para lembrar a esperança da glória, e estamos com Ele espiritualmente, embora não possamos vê-lo. Um dia nos assentaremos à sua mesa em corpos glorificados, vestidos de linho fino, brilhante e puro. Nós veremos Cristo pessoalmente. E uniremos as nossas vozes nessa santa teocracia: “a voz de uma grande multidão, como o rugido de muitas águas e como o som de poderosos estrondos de trovão, clamando: ‘Aleluia! Pois o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso, reina. Vamos nos alegrar, exultar e dar-lhe a glória.’”

“Uma vez que recebemos um reino inabalável, sejamos gratos e agrademos a Deus adorando-o com reverência e santo temor. Porque nosso Deus é um fogo consumidor”. (Hebreus 12:28,29)

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Scott Aniol | Brasil

Scott Aniol, PHD, é o vice presidente executivo e o editor chefe do ministério G3. Ele é palestrante internacional, atuando em diversas igrejas, conferencias, faculdades, e seminários. Scott já escreveu diversos livros e dezenas de artigos.

Você pode saber mais a respeito dele em www.scottaniol.com Scott e sua esposa, Becky, tem quatro filhos. Caleb, kate, Christopher e Caroline.