Pastores Devem Usar o Púlpito para Falar contra o Racismo?

Pulpit

Nos últimos anos, recebi várias perguntas sobre racismo. Alguns perguntam: “O que devo fazer? Acho que os presbíteros da minha igreja aderiram a agenda “woke” (percepção das questões relativas à justiça social e racia)l” Outros perguntam: “O que devo fazer? Minha igreja está lendo sobre ‘reconciliação racial’ e fazendo uma versão cristianizada da Teoria Crítica da Raça.” Embora eu faça o máximo para responder a cada mensagem, o fluxo de milhares de perguntas iguais faz com que seja difícil responder aos e-mails de todos. Minha esperança nos próximos artigos do blog é responder, detalhadamente, a algumas das perguntas mais difíceis que recebi.

Neste artigo abordarei uma das perguntas que os pastores mais fazem: “Devo falar sobre racismo no púlpito?” Antes de responder à pergunta, quero abordar algumas questões:

Poucos pastores negros passam noites sem dormir se preocupando com racismo na igreja

Primeiro, reconheço que esta pergunta vem principalmente de pastores brancos. Como eu sei? Bem, como alguém que faz parte da ala da Igreja Negra há anos, percebo que muitos pastores negros não têm problemas em abordar o racismo. No entanto, a grande maioria dos pastores negros aborda o racismo a partir de uma posição de opressão e não como um pecado que também pode residir nos corações daqueles que ouvem o seu sermão. Poucos pastores negros passam noites sem dormir se preocupando com racismo na igreja. Desde os dias de Martin Luther King e do movimento pelos direitos civis, as comunidades negras têm se alimentado de uma dieta constante de “… as 11h de domingo é o horário mais segregado da América”. Para o pastor negro comum que lidera uma congregação predominantemente negra, na sua opinião, a declaração de King não é problema deles. Eles acreditam que essa questão deve ser resolvida pela igreja evangélica branca no futuro. A congregação constituída de negros está indo muito bem, e essa é a armadilha deles.

Em segundo lugar, sei que muitos pastores têm medo de serem mal compreendidos ou pior ainda, de dizer algo correto mas com o tom errado e serem considerados racistas. Portanto, ao receber essas perguntas, reconheço que há muito mais a ser considerado do que a pergunta em si. Aqui está o que deve ser considerado antes de abordar o racismo no púlpito:

Pregação Expositiva ou Temática

Pregar consecutivamente através dos livros da Bíblia é a melhor maneira de entregar uma exposição fiel. A questão então é: “um pastor deveria interromper o estudo expositivo de um livro da Bíblia para abordar um assunto atual?”, “É possível pregar sobre um tema que seja genuinamente um tratamento expositivo de um texto?”.

Quando se trata de abordar questões culturais como a raça, o perigo para os pregadores é procurar um texto que apoie o que ele já quer dizer, em vez de permitir que o texto conduza o sermão. Fazer isso é chamado de “pregação por encomenda” e deve ser evitado. Dito isto, há momentos em que é inteiramente apropriado para um pastor fazer uma pausa na sua exposição em um livro bíblico e pregar sobre um tema com a Palavra de Deus conduzindo o sermão. Por exemplo, depois de uma grande tragédia nacional como o 11 de Setembro de 2001, fazia sentido falar à congregação com um sermão da Palavra de Deus. Faltaria sabedoria e sensibilidade à congregação para prosseguir com a genealogia de Lucas durante tal crise.

consequentemente, um pastor poderia facilmente argumentar que um sermão sobre a compreensão do racismo a partir de uma perspectiva bíblica é necessário nos tempos atuais. Embora ele deva ser diligente para se apresentar “aprovado diante de Deus, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15).

Pregue a Bíblia

Quando o pastor estiver decidido a abordar o racismo, é crucial começar o assunto de raça e etnia através de categorias bíblicas. As Escrituras são suficientes para abordar o assunto de forma clara e eficaz. A entrega de um sermão temático não é o momento de apelar à hermenêutica das teologias sociais ou repetir jargões de Organizações Sociais de Direitos Humanos.

O racismo através de lentes bíblicas é: Existe uma única raça humana (Gênesis 1:27). Toda a humanidade vem de um homem – Adão – e inclui muitas etnias (Atos 17:26). O pecado entra no mundo e corrompe nosso relacionamento com Deus e uns com os outros (Gênesis 3:1–5; 12–13). O racismo é ódio étnico, e ódio a um portador da imagem de Deus é pecado. O ódio ao seu irmão é como o pecado do assassinato, e um assassino não herdará a vida eterna (1 João 3:15). O pecado nos afeta sistematicamente (Romanos 5:12), e ninguém está imune aos efeitos do pecado (Romanos 3:23). O pecado nos separa de Deus (Romanos 6:23) e nos separa uns dos outros (Efésios 2:12). A beleza do evangelho é que embora o nosso trabalho seja insuficiente para herdar a vida eterna (Efésios 2:8–9), este dom gratuito está disponível através do arrependimento e da confiança na obra redentora de Cristo (Romanos 10:9–10). Através de Cristo, a verdadeira reconciliação foi realizada(Efésios 2:8–9, 13), e para aqueles que estão Nele, somos um em Cristo (Gálatas 3:28).

Pregue a Bíblia e mais nada…

Nesse ponto posso ouvir alguns dizendo: “Sim, mas e quanto a…, e quanto a…?” Para eles, eu diria, ou você acredita que as Escrituras são suficientes para falar sobre racismo, ou não. Se não, por favor, deixe o púlpito. Temos muitos nas plataformas acreditando que sabem mais do que Deus sobre questões raciais. Esses homens apelam a filosofias artificiais e ímpias como “gráficos pizza” para falar sobre essas questões. Nós temos visto muitos pastores confiarem mais nas soluções governamentais do que na Obra Santificadora do Evangelho na vida do crente.

Seja Fiel

Pastores devem lembrar que todos os pecados são sensíveis ao pecador. Então, sim, o racismo pode ser um assunto delicado. Permita que a Palavra de Deus confronte os corações. Enfrente o problema com a Bíblia. Meu encorajamento para você é o mesmo que Paulo à Timóteo: “ Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. ” (2 Timóteo 4:1–5).

Embora o ódio racial não seja novo, a combinação de culpa por pate dos brancos, da indignação negra, da histórica da escravatura e de Jim Crow na América (Leis de Segregação Racial) surgiu um novo movimento para destacar os tristes atos racistas cotidianos. Este assunto não vai desaparecer. Então, é importante falar sobre o “elefante na sala”. Nossos tempos exigem pastores que não tenham medo de levar a luz do Evangelho às pessoas que precisam desesperadamente do Salvador.

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Author Pulpit

Virgil Walker (Brasil)

Virgil L. Walker é o Diretor Executivo de Operações do Ministério G3, autor e conferencista. Ele é o co-apresentador do Just Thinking Podcast. Virgil é apaixonado por ensinar, fazer discípulos e compartilhar o Evangelho de Jesus Cristo. Virgil e sua esposa Tomeka estão casados ​​há 26 anos e têm três filhos.