Mulheres, Teologia e a Grande Comissão

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Nos últimos dias, algumas vozes têm questionado se as mulheres devem ler, estudar e ensinar a Bíblia. Qual é exatamente o desígnio de Deus para as mulheres no Mundo? Essa é uma questão importante, considerando que um grande número de pessoas hoje não sabe nem definir uma mulher e muito menos entender o desígnio de Deus para as mulheres no lar, na igreja e na esfera secular.

Mulheres e Teologia

O grande alvo da vida cristã é buscar a Deus, como afirma J. I Packer em seu livro conhecimento de Deus.

Para que existimos? Para conhecer a Deus. Nós deveríamos nos dedicar a que? Buscar a Deus.

Ele continua:

Desconsidere o estudo de Deus e você se condenará a tropeçar e pecar desenfreadamente, por assim dizer, sem senso de direção e sem compreensão da vida. Dessa forma você pode acabar desperdiçando seu tempo e perdendo sua alma.

Como podemos saber quem é Deus? Não é através do estudo da natureza ou extensão do cosmos. É por meio do estudo da revelação especial – da santa Palavra de Deus. Para ser claro, teologia é o estudo de Deus. Sugerir que as mulheres não estão autorizadas a estudar teologia seria um erro grave. Isso significaria que eles não têm permissão para conhecer a Deus.

Sugerir que as mulheres não estão autorizadas a estudar teologia seria um erro grave. Isso significaria que elas não têm permissão para conhecer a Deus.

Nas palavras de Paulo a Timóteo em 1 Timóteo 2:11-12:

As mulheres devem aprender em silêncio e com toda submissão. Não permito que as mulheres ensinem aos homens, nem que tenham autoridade sobre eles. Antes, devem ouvir em silêncio.

Embora ele apresente o projeto para as mulheres na vida da igreja, existe uma restrição dos papéis de autoridade e de ensino aos homens, mas o seu incentivo para que elas estudassem é revolucionário. As mulheres são chamadas a aprender e estudar a doutrina de Deus, o que envolve o estudo das Escrituras. Esta é uma das razões fundamentais do porquê o Ministério G3 lançou uma oficina de estudo bíblico expositivo para mulheres. Acreditamos que as mulheres precisam saber manejar corretamente as Escrituras no seu devocional da Bíblia e discipulado.

(A imagem acima ilustra uma menina aprendendo a bíblia, para recursos acesse: www.bjupress.com, clique em traduzir website)

Mulheres e a Grande Comissão

Quando Jesus deu a Grande Comissão aos seus seguidores em Mateus 28:18-20, ele estava incluindo a necessidade de homens e mulheres serem ativos no chamado para fazer discípulos de todas as nações. Na verdade, as mulheres estão diariamente na linha de frente com seus filhos em suas casas, ensinando o Evangelho e fazendo discípulos na sua própria família. Este é um chamado lamentavelmente subestimado pelas mulheres de nossa época. No entanto, é de vital importância.

As mães que estão comprometidas com a educação domiciliar procuram ensinar seus filhos através de uma cosmovisão bíblica em detrimento da secular. Esse processo envolve Evangelismo e Discipulado, elas ensinam fielmente as Escrituras a prole. As mães não podem ensinar os seus filhos a conhecer a Deus ao observar as estrelas ou natureza. Mães fiéis orientarão seus filhos a buscar a Deus através da revelação especial de Deus em Sua Palavra e ela basta.

As mulheres não devem ser impedidas de compartilhar o Evangelho com outras mulheres, não se pode estabelecer um limite que Deus não ordenou.

Além de serem fiéis em seus próprios lares, as mulheres devem partilhar o Evangelho de Deus na comunidade local, à medida que Ele abre oportunidades para pregar a Esperança de Cristo com os incrédulos. Este é o plano de Deus para mulheres piedosas. As mulheres não devem ser impedidas de compartilhar o Evangelho com outras, não se pode estabelecer um limite que Deus não ordenou.

Mulheres e a Igreja Local

A Palavra de Deus é de fato suficiente. Deus falou claramente sobre os papéis e responsabilidades das mulheres na esfera da igreja. No Jardim, vemos a liderança masculina sendo estabelecida por Deus antes da queda. Portanto, quando Paulo se dirige a Timóteo no Novo Testamento a respeito da igreja local, ele cita o relato da criação em Gênesis.

O homem natural tem problemas com autoridade e muitas vezes procura evitá-la ou usurpar uma autoridade que não possui.

Os limites são frequentemente vistos como negativos devido à natureza da depravação humana. Estamos constantemente perguntando “quão longe podemos ir sem ultrapassar o limite?” e nos esforçamos para ver o quão perto podemos caminhar na beira do penhasco sem cair. Esta é uma abordagem muito perigosa para a vida cristã – e dentro da teologia. Quando você brinca com fogo, você acaba se queimando. O homem natural tem problemas com autoridade e muitas vezes procura evitá-la ou usurpar uma autoridade que não possui. Historicamente, os teólogos liberais abraçaram a teologia feminista como um meio de elevar as mulheres à uma posição igualitária entre os homens na Igreja. Tal teologia causa muitos danos ao desígnio de Deus para o lar e a igreja. John MacArthur escreve:

As mulheres podem ser professoras e líderes bastante dotadas, mas esses dons não devem ser exercidos sobre os homens no contexto da igreja. Isto é verdade não porque as mulheres sejam espiritualmente inferiores aos homens, mas porque a Lei de Deus assim o ordena. Ele determinou, na Sua criação – uma ordem que reflete a Sua própria natureza e, portanto, deve ser refletida na Sua igreja. Qualquer pessoa que ignore ou rejeite a ordem de Deus, enfraquece a igreja e O desonra.

Em 1 Timóteo 2:12, Paulo articula uma proibição clara em relação às mulheres na igreja local. Ele diz: “ Não permito que as mulheres ensinem aos homens, nem que tenham autoridade sobre eles. Antes, devem ouvir em silêncio.” Existe uma distinção entre ensino e exercício de autoridade que deve ser reconhecida. Paulo revisitou então os limites históricos da área de ensino que Deus já havia estabelecido no Jardim. As mulheres, como Paulo declarou, não deveriam ensinar os homens. Esta é uma inversão de papéis.

A palavra ensino, “διδάσκω”, de acordo com Thomas Schreiner, significa o ensino público e envolve a transmissão autorizada da tradição sobre Cristo e as Escrituras (1 Coríntios 12:28-29; Efésios 4:11; 1 Timóteo 2:7; 2 Timóteo 3:16; Tiago 3:1). Embora seja permitido às mulheres discutir teologia bíblica em um ambiente de grupo misto, como uma aula de escola dominical, as mulheres devem ensinar apenas crianças ou outras mulheres (Tito 2), ou em um ambiente privado, como na instrução de Apolo com Priscila e Áquila – no que se refere ao ensino bíblico, quando a igreja como um todo se reúne ou uma audiência mista, então ela deve ser liderada por homens. É claro que Paulo estava abordando uma questão que ocorria na vida da igreja e precisava ser corrigida.

Quando se trata de ensinar homens em nossos dias, temos a cultura das conferências que muitas vezes ultrapassam os limites. Esta é uma prática perigosa, uma vez que as conferências são concebidas para fortalecer a igreja e para formatar o que a igreja local deve prover em suas assembleias locais – ou seja, pregação expositiva, teologia bíblica sólida e outras práticas importantes e essenciais. Portanto, ter mulheres pregando a Bíblia e ensinar um grupo de homens num ambiente de conferência não é benéfico para a Igreja representada na conferência por igrejas locais diferentes. Este alargamento das fronteiras é uma prática comum nos nossos dias e devemos ser cautelosos quando vemos professoras convidadas a falar para um público misto.

Paulo também ressalta que as mulheres não devem ter autoridade sobre homens. Esta é provavelmente uma referência ao cargo de presbítero na igreja local. O ofício de presbítero é de ensinar e está ligado à autoridade de episcopado, mas a ideia de ensino e de autoridade podem ser distintas entre si. Pois, alguém pode ensinar a Bíblia com autoridade sem ser um presbítero em uma igreja local, mas não pode ser um presbítero sem autoridade, nem pode pregar sem autoridade. Embora existam conexões sobrepostas, existem qualidades distintas que também devem ser reconhecidas.

Adulterar a liderança em qualquer área, seja na família ou na igreja é um erro grave. O menor pecado pode levar à maior catástrofe, assim como uma pequena faísca pode incendiar uma floresta inteira

Ao se referir à autoridade, Paulo usa a palavra “αὐθεντέω” ao abordar esse limite para as mulheres na igreja. Quando Paulo faz sua declaração, ele continua explicando: “Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva; e Adão não foi enganado, mas a mulher foi enganada e tornou-se transgressora” (1Tm 2:13-14). Isto não é uma maldição sobre as mulheres por causa da queda, mas sim um desígnio desde o início instituído por Deus. Este foi o bom desígnio de Deus e apontou para a distinção de papéis entre homens e mulheres. Inverter os papéis é perigosamente irresponsável. Isto não significa de forma alguma que Paulo era machista e que diminuiu o valor das mulheres na igreja. Thomas Schreiner afirma acertadamente: “É uma noção moderna, democrática e ocidental que diversas funções sugerem distinções de valor entre homens e mulheres. Paulo acreditava que homens e mulheres eram iguais em personalidade, dignidade e valor, mas também ensinava que as mulheres tinham papéis distintos dos homens.”

Em 1 Timóteo 2, Paulo dirige-se a Timóteo afirmando que as mulheres devem permanecer “caladas”. Esta palavra denota uma ideia de submissão — especialmente em relação à liderança masculina no lar e na estrutura da igreja local. Resumindo, as mulheres não devem ter autoridade na igreja, mas têm permissão para aprender e falar. O discurso das mulheres não deve ser proclamado em sentido oficial – do púlpito ou do cargo de presbítera, mas é-lhes permitido falar, ensinar, fazer discípulos e envolver-se na vida da igreja. Isso é claramente visto no tratamento que Jesus deu às mulheres em sua época, bem como na alta estima que Paulo tinha por mulheres como Febe e muitas outras listadas em Romanos 16.

Devemos evitar o legalismo nesta conjuntura, mas não devemos seguir o caminho do liberalismo feminista ou do antinomianismo. A atitude progressista procura libertar-se da autoridade, mas Deus nunca planejou que a autoridade fosse um fardo para o seu povo. William Varner, em seu excelente livro, To Preach or Not To Preach (Pregar ou não pregar), escreve:

A questão envolvida em 1 Timóteo 2 não é uma inferioridade inerente às capacidades intelectuais e espirituais da mulher, mas na sua função ministerial. Ela não é subordinada em sua capacidade, mas deve ser subordinada em seu papel. Nota-se também claramente que Paulo não fundamenta o seu raciocínio na cultura dominada pelos homens dos seus dias. Ele não escreve: “As mulheres não deveriam ensinar porque os homens não as aceitarão como professoras”. Ele fundamenta seu ensino na ordem da criação e da queda. Os costumes da cultura mudam com o tempo, enquanto a ordem da criação é supracultural e válida em qualquer época e lugar

Adulterar a liderança em qualquer área, seja na família ou na igreja é um erro grave. O menor pecado pode levar à maior catástrofe, assim como uma pequena faísca pode incendiar uma floresta inteira. Faça-se o que for que Deus espera de nós, conforme claramente exposto nas Escrituras, em vez de nos esforçar diligentemente para encontrar brechas – seria proveitoso nos submetermos alegremente. Cuidado com aqueles que estão constantemente procurando maneiras de contornar os mandamentos de Deus.

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Josh Buice | Brasil

Josh Buice é o fundador do Ministério G3 e serve como pastor na Pray’s Mill Baptist Church (Igreja Batista Moinho de Oração) na zona oeste de Atlanta. Ele ama teologia, pregação, história da Igreja, e é bastante compromissado com a Igreja local. Ele gosta de praticar esportes, como corrida de longas distâncias e costuma caçar nas florestas do país. Ele tem escrito sobre salvação pela Graça desde que estava no seminário e tem atingido um número relevante de leitores com o passar dos anos.