Olhando a Terra com as lentes do Céu

people gathering on street during nighttime

você não precisa ligar a TV ou acessar um site de notícias para ficar deprimido. Vivemos numa época de desespero, ameaça de guerra, violência, assassinato, pobreza, doença, aborto, declínio da moralidade, injustiça e tensões raciais. Mesmo da perspectiva do mundo caído, tudo parece bastante sombrio.

Ao contrário do que se pode pensar, isso não é novidade alguma. Veja o que um pastor escreveu:

Duvido muito que tenha havido um momento na história do nosso país em que o horizonte de todos os lados, tanto políticos como eclesiásticos, fosse tão negro e desanimador. Vemos os corações dos homens desfalecendo de medo porque insistem em colocar sua esperança nesse Mundo. Tudo ao nosso redor parece desmantelado, fora do lugar e caótico. As fontes do grande abismo parecem estar se rompendo. As instituições conservadoras estão cambaleando e logo cairão. Os sistemas sociais e eclesiásticos estão falhando e desmoronando. A Igreja e o Estado parecem igualmente abalados até os alicerces, e qual poderá ser o fim desta confusão? Ninguém pode dizer.

A citação acima é de J C Ryle em 1867. Não há nada novo debaixo do Sol.

Bem, quando observamos o caos ao nosso redor , o mundo nos diz: “O que você vê é o que você tem”. O mundo replica os ímpios no Salmo 11: “ Fugi para a vossa montanha como pássaro? Pois eis que os ímpios armam o arco, põem as flechas na corda, para com elas atirarem, às escuras, aos retos de coração. Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo? ” Desistir, se desesperar e fugir. Isso é tudo que se pode fazer.

E somos tentados, não é? Somos tentados a nos desesperar. Ficamos tentados a desistir. Como Pedro no Jardim do Getsêmani, nós somos tentados a seguir o conselho dos ímpios e fazer justiça com nossas próprias mãos.

É isso que Asafe experimentou no Salmo 73 quando disse: ” Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos. Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios”.

A resposta bíblica, no entanto, não advém de observar o nosso derredor. Parafraseado Paulo em II Coríntios 5, nós andamos por fé e não por vista. Como também diz em II Coríntios 4.8-9:

De todos os lados somos pressionados por aflições, mas não esmagados. Ficamos perplexos, mas não desesperados. Somos perseguidos, mas não abandonados. Somos derrubados, mas não destruídos.

Como podemos dar a mesma resposta de Paulo aos sofrimentos e tensões a nossa volta? Ele nos ensina a fazê-lo em II Coríntios 4.16-18:

¹⁶ Por isso, nunca desistimos. Ainda que nosso exterior esteja morrendo, nosso interior está sendo renovado a cada dia. ¹⁷ Pois estas aflições pequenas e momentâneas que agora enfrentamos produzem para nós uma glória que pesa mais que todas as angústias e durará para sempre.¹⁸ Portanto, não olhamos para aquilo que agora podemos ver; em vez disso, fixamos o olhar naquilo que não se pode ver. Pois as coisas que agora vemos logo passarão, mas as que não podemos ver durarão para sempre.

Reconhecemos que existe nesses versos mais do que conseguimos ver, é necessário ver com os olhos da fé para não endurecer nossos corações debaixo das pressões deste mundo e também resistir às tentações dos iníquos. Esta leve aflição momentânea não é a realidade – a realidade é invisível e eterna, um peso eterno e incomparável de glória.

Esse também é o fator que respondeu as questões de Asafe no Salmo 73.16-17:

Tentei compreender por que prosperam; que tarefa difícil! Então, entrei em teu santuário, ó Deus,
e por fim entendi o destino deles.

No santuário de Deus, Asafe é capaz de ver a realidade invisível e eterna com as lentes da fé.

A solução para lidar com as tensões e problemas que vemos ao nosso redor nesta era maligna é encontrada quando olhamos com as lentes da fé para o santuário celestial eterno e invisível.

A solução para lidar com as tensões e problemas que vemos ao nosso redor nesta era maligna é encontrada quando olhamos com as lentes da fé para o santuário celestial eterno e invisível.

Realidade Celestial

As Escrituras nos apresentam duas descrições extensas do santuário celestial que fornecem a base para nossa discussão, uma definida no contexto do Antigo Testamento e a outra definida no contexto do Novo Testamento, destacando que o que vemos é eterno. Em ambos os casos, estas descrições do céu foram apresentadas durante um tempo de problemas com o povo da aliança de Deus e o que estava acontecendo nas nações pagãs ao seu redor, isso revela a importante necessidade do povo de Deus enxergar a Terra com as lentes do Céu.

Isaias 6

Isto era verdade para a nação de Israel; Durante o reinado de Salomão e especialmente após o reino dividido, o povo de Deus abandonou a adoração pura à Deus, trazendo a idolatria pagã para a nação. Até mesmo os nobres reis do reino do sul, como Uzias, adoraram de forma presunçosa e não de acordo com a ordem explícita de Deus no santuário, embora não tivessem o direito de fazê-lo.

Não é coincidência que a morte de Uzias seja o próprio contexto para a visão do profeta Isaías sobre a adoração celestial (Is 6:1-13). Deus estava lembrando Isaías a verdadeira realidade sobre como a pura adoração terrena deveria ser baseada em detrimento ao sincretismo e a idolatria do povo. Deus chamou Isaías ao próprio céu, onde ele “viu o Senhor sentado em um trono alto e exaltado”. Isaías encontrou o Governo Soberano de Deus.

A realidade celestial que Isaías viu é um palácio real. Deus está em seu trono. O Salmo 103:19 proclama: “O Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo”. O Salmo 145:13 diz: “O teu reino é um reino eterno, e o teu domínio dura de geração em geração”. Todos os aspectos do universo estão sujeitos a esta regra. O céu é um palácio real com o Rei soberano eternamente no Seu trono, e toda a terra pertence ao Seu domínio. Esta é a realidade eterna e imutável.

Mas não é apenas o Céu descrito como Palácio Real de Deus, a visão de Isaías continua: “e a cauda do seu manto encheu o templo”. O céu também é um santuário sagrado no qual a glória de Deus é exibida e ele é eternamente adorado por seres angélicos cantando o hino Trinitário (“três vezes santo”).

Esta visão celestial estabelece uma realidade dupla a respeito de Deus no céu: o céu é o seu palácio e o céu é o Seu Templo. Ele governa sobre tudo e merece pura adoração . Este reino superior é uma teocracia sagrada, um santuário real.

o céu é o seu palácio e o céu é o Seu Templo. Ele governa sobre tudo e merece pura adoração . Este reino superior é uma teocracia sagrada, um santuário real.

No entanto, a visão de Deus em toda a sua santidade e esplendor fez com que Isaías reconhecesse o seu próprio pecado e indignidade para se aproximar da presença de Deus no seu palácio/templo, isso é o que Uzias deveria ter percebido antes de entrar no templo terreno como. Assim, Isaías confessou seu pecado diante do Senhor: “Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de lábios impuros; pois com os meus olhos vi o Rei, o Senhor dos Exércitos” (v. 5)!

Contudo, Deus não expulsou Isaías simplesmente do Templo Real devido à sua impureza; antes, Deus providenciou um meio de expiação. Um dos serafins pegou uma brasa do altar e colocou-a nos lábios de Isaías, proclamando: “Eis que isto tocou os teus lábios; sua culpa foi tirada e seu pecado expiado.” Agora Isaías foi recebido na presença de Deus pelos meios que o próprio Deus havia providenciado. Permanecendo aceito na presença de Deus, Isaías ouviu a voz do Senhor dando-lhe uma mensagem, à qual Isaías voluntariamente ofereceu obediência, e Deus enviou Isaías com essa mensagem de exortação e bênção prometida para a nação de Israel. Mais tarde, a mensagem de Isaías ao povo de Israel revela que se eles se submeterem à exortação de Deus e se comprometerem com Ele, então “Neste monte o Senhor dos Exércitos fará para todos os povos uma comida rica, uma festa de vinho bem envelhecido, de comida rica, de vinho envelhecido e bem refinado” (Is 25,6). Deus demonstra sua aceitação dos pecadores perdoados através de uma festa comemorativa.

Esta realidade de adoração no palácio/santuário do Céu contém um padrão teológico que deveria ser fornecido como um corretivo para a adoração sincretista e idólatra do povo de Deus. Mas, é claro, as pessoas de coração duro não ouviram e, portanto, nunca experimentaram todas as bênçãos que Deus lhes havia prometido.

Apocalipse

No livro de Apocalipse, Deus concedeu ao apóstolo João uma visão semelhante do palácio/templo do Céu. Assim como aconteceu com Isaías durante o reinado do rei Uzias, não é por acaso que esta visão da adoração celestial surgiu no momento em que o povo da aliança estava em caos; até mesmo uma igreja nobre como a de Éfeso perdeu o seu primeiro amor, e muitos cristãos como os de Laodicéia tornaram-se mornos. Na visão de João, como na visão de Isaías, João vê o Senhor sentado em seu trono celestial, governando soberanamente sobre todas as coisas, e ele está cercado por seres angélicos que oferecem adoração diante dele. Segue-se então a apresentação do livro que revela a indignidade de todas as pessoas para abri-lo (5:1-4), exceto o Cordeiro que foi morto, aquele que providenciou expiação e resgatou um povo para Deus (5:5-12).

O livro culmina com a grande Ceia das Bodas do Cordeiro (19:6–21). Este, finalmente, é o cumprimento do que Isaías havia prometido para aqueles que ouvissem a Palavra do Senhor. O templo celestial desce e, pela primeira vez, a intenção última de Deus para o seu povo se concretiza plenamente: “Vejam, o tabernáculo de Deus está no meio de seu povo! Deus habitará com eles, e eles serão seu povo. O próprio Deus estará com eles” (21:3).

Ambas as visões em Isaías e Apocalipse são a realidade celestial pela qual devemos interpretar o que está acontecendo aqui na terra.

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Scott Aniol | Brasil

Scott Aniol, PHD, é o vice presidente executivo e o editor chefe do ministério G3. Ele é palestrante internacional, atuando em diversas igrejas, conferencias, faculdades, e seminários. Scott já escreveu diversos livros e dezenas de artigos.

Você pode saber mais a respeito dele em www.scottaniol.com Scott e sua esposa, Becky, tem quatro filhos. Caleb, kate, Christopher e Caroline.