A verdade mais importante sobre a obra ativa do Espírito Santo é que o Ele sempre opera através da Sua Palavra. Através do seu poder iluminador, o Espírito abre as nossas mentes e corações para aceitarmos e nos submetermos à autoridade da Palavra que inspirou. É através dessa submissão à Palavra que o Espírito nos santifica. É extremamente importante reconhecer isto: o Espírito Santo não nos santificará sem a sua Palavra.
De fato, é exatamente isso que Paulo nos ensina, que “sejamos cheios do Espírito” (Ef 5:18). Assim como o batismo e a iluminação do Espírito, a plenitude do Espírito é uma obra do Espírito que tem sido significativamente mal compreendida por causa de falsos ensinos, mas a atenção cuidadosa ao texto bíblico nos dará clareza quanto à natureza exata desta obra.
A verdade mais importante sobre a obra ativa do Espírito Santo é que o Ele sempre opera através da Sua Palavra.
Às vezes, nas Escrituras, a linguagem do “preenchimento “ser cheio” é usada para descrever a capacitação especial que o Espírito deu aos principais líderes do povo de Deus durante períodos importantes da história redentiva. No Novo Testamento, isso aparece em Lucas e Atos, onde Lucas usa o termo pimplēmi, a gramática grega indica claramente que Ele é o conteúdo da plenitude. Esses líderes foram cheios do Espírito, de uma forma única, que os capacitou para liderar o povo de Deus.
Além disso, Lucas também usa o adjetivo plērēs cinco vezes indicando na língua original que o Espírito é o conteúdo da plenitude e que é uma expressão figurada. Resumindo, estes casos descrevem indivíduos que são caracterizados como “espirituais”. Igualmente, uma única vez, Lucas usa o verbo plēroō em Atos 13:52 para enfatizar a alegria espiritual característica dos discípulos. ocorre o mesmo quando descrevemos alguém como “espiritual” ou “piedoso”. Nós estamos dizendo que a vida da pessoa é caracterizada por qualidades semelhantes as do próprio Deus.
Então, para resumir, Lucas usa dois grupos de palavras diferentes para distinguir dois tipos de plenitude:
- pimplēmi refere-se ” ser cheio” exclusivamente para o ministério especial
- plērēs/plēroō refere-se ao “ser cheio” de maneira comum, ou seja, uma pessoa “espiritual”
A ordem de Paulo em Efésios 5:18-19 está relacionada ao segundo uso, mas gramaticalmente diferente:
E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração
Em ambos os casos citados, o Espírito é o conteúdo do “ser cheio”, seja em um sentido especial ou metafórico comum. Paulo usa o mesmo verbo que Lucas usou em Atos 13:52, plēroō, mas com uma construção gramatical diferente. Em vez de “Espírito” ser o conteúdo (genitivo) da plenitude, em Efésios 5:18 “Espírito” é o objeto (dativo) da preposição en (traduzida na ARC como “do”). Os gramáticos gregos observam que esta construção gramatical nunca indica conteúdo no Novo Testamento. Em vez disso, “Espírito” refere-se aos meios e não sobre o conteúdo. Aqui estão alguns exemplos das diferenças entre conteúdo e meios:
Ilustrações da diferença entre conteúdo e meios
| Conteúdo | Meio |
| Encher uma piscina com agua | Encher uma piscina com uma mangueira |
| Encher um pneu com ar | Encher um pneu com um compressor de ar |
| Encher o estômago com comida e líquido | Encher o estômago pegando a comida com talheres e copo |
| Encher a cavidade bucal com pasta de dente | Encher a cavidade bucal usando uma escova dental |
| Ser cheio do Espírito | Ser cheio pelo Espírito |
Em outras palavras, em Efésios 5:18, “Espírito” é o meio de “encher” e não o conteúdo em si, e por isso seria melhor traduzir o mandamento como “ser cheio pelo Espírito” (a preposição grega en pode ser traduzida de ambas as formas).
Então, se o Espírito é o meio pelo qual ser cheio em Efésios 5:18, qual é o conteúdo da substância? A melhor maneira de entender isso é observar o versículo paralelo em Colossenses 3:16:
A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração.
O mandamento aqui é quase idêntico a Efésios 5:18, mas em vez de deixar o Espírito nos encher, o mandamento em Colossenses 3:16 é deixar a Palavra de Cristo habitar ricamente em nós. A implicação é que estes são conceitos relacionados e, portanto, o conteúdo do “recheio” ser cheio” é a Palavra de Cristo.
A ordem de Efésios 5:18, então, deve ser clara: Paulo ordena-nos que deixemos o Espírito Santo nos encher com a Sua Palavra. Entenda: o Espírito sempre opera através da sua Palavra. Ser cheio do Espírito é ser cheio da Palavra do Espírito.
Ser cheio do Espírito é simplesmente ser Cheio da Palavra do Espírito
É por isso que ser cheio do Espírito é importante para a nossa santificação, uma vez que Ele inspirou a Palavra “para eninar, para repreender, para corrigir e para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra” (2 Timóteo 3:16-17). A imagem de “ser cheio” incorporada pelo grupo de palavras plērēs/plēroō expressa a natureza de como a santificação ocorre. Em todos esses casos, o “preenchimento “ser cheio” com/pelo Espírito significa submissão ao seu senhorio pela Sua Palavra. A santificação não ocorre à parte da obra do Espírito, mas não é passiva – devemos ler a Palavra e submeter-nos a ela, isso é o que significa ser cheio do Espírito.
