O que é um pastor?

Pastor-Shepherd

o que é um pastor? é uma pergunta simples, de fato, mas vivemos em uma época em que não podemos mais presumir que perguntas simples sejam abordadas de forma lógica. Ketanji Onyika Brown Jackson é juiza membro da Suprema Corte dos Estados Unidos. Jackson foi indicada para a Suprema Corte pelo presidente Joe Biden em 25 de fevereiro de 2022 e foi ratificada pelo Senado dos Estados Unidos em 7 de abril de 2022. Entretanto, quando estava em seu processo de transição, ela foi sabatinada por uma série de perguntas do Senado publicamente, e foi durante esse período que uma grande controvérsia eclodiu. Ela foi questionada pela senadora Martha Blackburn: “Você pode fornecer uma definição para a palavra ‘mulher’?” Ketanji Onyika Brown Jackson não conseguiu definir a palavra.

Enquanto a controvérsia sobre a incapacidade de responder à simples pergunta fez com que os conservadores questionassem a capacidade de Jackson de atuar na Suprema Corte dos Estados Unidos, os socialistas elogiaram sua resposta e fizeram campanha para que fosse ratificada como membro da mais alta corte do país. Estamos testemunhando uma agenda esquerdista na esfera da política e está sendo pulverisada em todos os âmbitos da sociedade. No entanto, nem todos estão satisfeitos com a agenda desconstrucionista. Visto o enorme sucesso do filme de Matt Walsh, “What Is a Woman? (O que é uma mulher)”

No entanto, essa agenda contínua de justiça social também impactou o evangelicalismo – incluindo a Convenção Batista do Sul.

Desafiando a Definição

Em maio de 2021, Rick Warren e a Saddleback Church viraram notícia ao ordenar três mulheres a função pastoral. Warren elogiou a mudança como uma “noite histórica”. Isso resultou em uma moção para desassociar Saddleback da SBC (Convenção batista) na reunião anual de 2021. O que muitas pessoas não perceberam foi que Rick Warren estava preparando Saddleback para sua saída, o que envolveria uma transição de liderança igualitária. Quando Warren anunciou seus planos de aposentadoria, ele também apresentou os novos co-pastores, um marido e sua mulher, que o substituiria.

Desde então, Saddleback foi desassociado da Convenção Batista do Sul. O Comitê Executivo da SBC recomendou ao Comitê de Credenciais da SBC em 21 de fevereiro de 2023 para considerar a Igreja Saddleback como uma igreja que “não anda em cooperação amigável com a Convenção Batista do Sul”. Isso tocou no brio de Rick Warren, onde ele se comprometeu a retornar à reunião anual da SBC para defender a reintegração de Saddleback. Antes da reunião anual em junho, Warren tem feito tempetade em como d’agua no Twitter para que seu caso gere comoção e ele consiga desafiar a definição de pastor.

Embora Warren afirme que não foi influenciado pela cultura e que chegou à sua nova posição igualitária com base no estudo das Escrituras, devemos ver sua nova posição à luz da revolução cultural. Em 2017, o Barna Research Group (Grupo de Pesquisas) apontou que houve um aumento significativo de mulheres servindo na função pastoral. De acordo com o estudo, “um em cada 11 pastores protestantes é uma mulher – o triplo de 25 anos atrás”. De acordo com o relatório estatístico intitulado “State of Clergywomen in the U.S.: A Statistical Update” (Nível do clero nos EUA: Uma atualização estatística), os números indicam que dentro da “maioria das denominações principais, a porcentagem de clérigas dobrou ou triplicou desde 1994”.

Definições importam: O que é uma mulher?

Embora devamos contestar a alegação de Warren de que ele não foi influenciado pela cultura porque isso é bastante suspeito, devemos contestar também sua exegese e interpretação das Escrituras. Em vez de nos perguntar como Rick Warren define o ofício de pastor, devemos nos perguntar como Deus define o ofício de pastor.

No Novo Testamento, temos vários termos diferentes para o ofício pastoral que indicam seus diferentes papéis e responsabilidades. Por exemplo, em 1 Pedro 5:1-4, Pedro usa esses diferentes termos para descrever a função do ofício pastoral. Pedro encarrega os anciãos (presbúteros) de pastorear (poimaínō) o rebanho de Deus e exercer o episcopado adequando (episkopḗ). Essas palavras não são referências a diferentes ofícios na igreja, mas a um ofício com uma variedade de responsabilidades diferentes.

Em 1 Timóteo 3 e Tito 1, Paulo forneceu instruções bíblicas para o ofício do pastor. Deve-se notar que todos os homens devem aspirar a serem santos e fiéis no caráter, conforme descrito nessas passagens. Deus levanta alguns homens da igreja para servir como bispos a fim de pastorear fielmente a igreja. Sem qualquer ginástica hermenêutica, o papel do pastor é claramente reservado aos homens. Devemos lembrar o que Paulo comunica antes de chegar a 1 Timóteo 3. Uma chave para a interpretação bíblica é que sempre interpretamos o texto dentro de seu contexto apropriado.

Em 1 Timóteo 2:12, Paulo articula uma proibição clara relacionada às mulheres na igreja local. Ele diz: “Não permito que a mulher ensine ou exerça autoridade sobre o homem; ao contrário, ela deve permanecer quieta”. Há uma distinção entre o ensino e o exercício da autoridade que deve ser considerada. Paulo foi revolucionário em sua época, já que muitas vezes não era permitido às mulheres aprender, mas Paulo as encoraja a serem aprendizes – estudando a fé e obtendo maior conhecimento de Deus (1 Timóteo 2:11).

Paulo estava disposto a estender os limites da antiga Éfeso, mas não estava disposto a estender os limites de Deus que estavam enraizados e fundamentados na criação.

Embora o Espírito Santo tenha levado Paulo a estender os limites das mulheres em uma área cultural, ele revisitou os limites históricos na área de ensino que Deus havia estabelecido no Jardim. As mulheres, como Paulo afirmou, não deviam ensinar aos homens. Isso é uma inversão de papéis. Paulo estava disposto a estender os limites da antiga Éfeso, mas não estava disposto a estender os limites de Deus que estavam enraizados e fundamentados na criação.

Desde o início, Deus estabeleceu uma ordem específica. Esse projeto, enraizado e fundamentado na criação de Deus, estabeleceu o comando e liderança masculina em todas as três esferas da vida: a sociedade, o lar e a igreja. Embora você não veja edifícios de tijolos e campanários brancos no Jardim do Éden, você tem Paulo apontando para o mandato da criação em 1 Timóteo 2 para estabelecer a ordenação de Deus na liderança masculina.

Nunca foi plano de Deus que os homens se submetessem ao ensino das mulheres na igreja. Você não pode forçar a bíblia para tal interpretação. Na verdade, para chegar a essa posição, você teria que distorcer as Escrituras além da ordem e dos limites estabelecidos por Deus.

Liderança envolve autoridade. Por exemplo, em Hebreus 13:17 o texto afirma claramente que a igreja deve “submeter-se” aos seus líderes que estão sempre ligados ao ensino e pregação da Palavra de Deus. A palavra ensinar, “διδάσκω,” de acordo com Thomas Schreiner, significa o ensino público e envolve a transmissão autorizada da tradição sobre Cristo e as Escrituras (1 Cor. 12:28-29; Efésios 4:11; 1 Tim. 2 :7, 2 Tim. 3:16, Tiago 3:1).3 Nunca foi plano de Deus que os homens se submetessem ao ensino das mulheres na igreja. Você não pode forçar a Bíblia para tal interpretação. Na verdade, para chegar a essa posição, você teria que distorcer as Escrituras além da ordem e dos limites estabelecidos por Deus. John MacArthur observa:

As mulheres podem ser professoras e líderes altamente talentosas, mas esses dons não devem ser exercidos sobre os homens no contexto da igreja. Isso é verdade não porque as mulheres são espiritualmente inferiores aos homens, mas porque a Lei de Deus assim ordena. Ele ordenou ordem em Sua criação – uma ordem que reflete Sua própria natureza e, portanto, deve ser refletida em Sua igreja. Qualquer pessoa que ignore ou rejeite a ordem de Deus, então, enfraquece a igreja e O desonra.

Os homens foram chamados por Deus para serem líderes, protetores e provedores. É por isso que vemos o padrão de Deus de levantar homens como maridos, pais, guerreiros, reis, profetas, apóstolos e pastores. Este tem sido o padrão consistente de Deus desde o Jardim do Éden até o presente momento.

Os homens foram chamados por Deus para serem líderes, protetores e provedores. É por isso que vemos o padrão de Deus de levantar homens como maridos, pais, guerreiros, reis, profetas, apóstolos e pastores. Este tem sido o padrão consistente de Deus desde o Jardim do Éden até o presente momento. Este não era o projeto original para as mulheres. Isso não diminui o valor ou o dom das mulheres, mas Deus não criou as mulheres para as mesmas tarefas que os homens. Existem diferentes funções e responsabilidades para os homens que são distintas e únicas das funções e responsabilidades que Deus designou para as mulheres. Em seu excelente livro intitulado Biblical Eldership (ancionato Bíblico), Alexander Strauch descreve a função e a responsabilidade dos pastores, que são mais comumente referidos como presbíteros no Novo Testamento:

Os presbíteros lideram a igreja [1 Tm 5:17; Tito 1:7; 1 Pedro 5:1-2], ensinam e pregam a Palavra [1 Timóteo 3:2; 2 Timóteo 4:2; Tito 1:9], protegem a igreja dos falsos mestres [Atos 20:17, 28-31], exortam e admoestam os santos na sã doutrina [1 Timóteo 4:13; 2 Timóteo 3:13-17; Tito 1:9], visitam os enfermos e oram [Tiago 5:14; Atos 20:35] e julgam questões doutrinárias [Atos 15:16]. Na terminologia bíblica, presbíteros pastoreiam, supervisionam, lideram e cuidam da igreja local

O que é um pastor? Um pastor serve como líder, provedor e protetor da igreja de Deus. Essas tarefas são realizadas por meio da pregação e ensino das Escrituras como parte dos meios ordinários da graça de Deus estabelecidos para o bem-estar e nutrição de sua igreja. Essa responsabilidade deve ser levada a sério e nunca deve ser redesenhada para se adequar à estrutura de uma cultura progressista. Devemos sempre lembrar que a sociedade como um todo não tem uma ancoragem firme nas Escrituras. A sociedade progressista tem uma vela em vez de uma âncora. Esta vela é usada para apanhar os ventos culturais que resultam em constante mudança e progressão. No entanto, esse progresso efetivamente a leva para longe de Deus.

Historicamente, encontramos repulsa para com a Lei e atitudes nefastas em nossa cultura – muitas vezes expressas em campanhas de marketing estratégicas que apelam para a natureza pecaminosa da humanidade. Por exemplo, David Wells explica:

Os primeiros pioneiros foram o “Just Do It!” (apenas faça) da Nike. (em outras palavras, não pense nisso e não deixe que nada o impeça de fazer qualquer coisa) e “Às vezes, você precisa quebrar as regras” do Burger King. E muitos seguiram seu exemplo. O rum Bacardi Black, que se anuncia como “o sabor da noite”, afirma: “Algumas pessoas abraçam a noite porque as regras do dia não se aplicam”; Os sapatos Easy Spirit ainda se apegaram a esse tema, prometendo um sapato que “se adapta ao seu pé para que você não precise se adaptar a nada”; O Safari de Ralph Lauren celebra “viver sem limites”; o conhecido e confiável Merrill Lynch declara que “Seu mundo não deve conhecer fronteiras”; e a Nieman Marcus incentiva seus clientes a relaxar porque, diz, “não há regras aqui”.

Podemos esperar que a América e os indicados pelos progressistas para a Suprema Corte desafiem os limites de Deus, mas a igreja deve permanecer comprometida com as Escrituras, mesmo que isso não seja visto como aceitável dentro da cultura socialista de nossa sociedade pagã. Não devemos cometer o erro do antigo Israel, que fazia o que era certo aos seus próprios olhos (Juízes 17:6). Temos um Rei, e ele está sentado em seu trono Soberano. Ele nos deu um Livro e devemos obedecer. Qualquer movimento para feminilizar o púlpito é um afastamento de Deus e de sua Palavra que é suficiente.

Os cristãos que permanecem firmes na Palavra de Deus serão caluniados e escarnecidos. Cristãos fiéis que apontam para a Palavra de Deus como padrão serão chamados de fundamentalistas (como Rick Warren fez em seu tweet), mas a palavra “F” não será empregada no estilo de J. Gresham Machen. Em vez disso, será usado como m termo pejorativo para zombar de tais cristãos como estando fora de moda com a sociedade e até serem taxados de legalista em sua interpretação. Eu abordei essa tática em meu artigo intitulado “Fundamentalismo não é Palavrão”.

Quando os políticos, o mundo corporativo e todas as outras esferas da nossa sociedade parecem estar de cabeça para baixo, devemos nos firmar corajosamente na suficiência e autoridade da inerrante Palavra de Deus.

Não se engane, há uma batalha pelo dicionário hoje. Definições importam. Deus definiu o ofício de pastor em sua Palavra. Nunca devemos ter vergonha de permanecer firmes na definição de Deus. Se Deus é por nós, quem será contra nós (Rm 8:31)? A SBC deve enviar uma mensagem clara a Rick Warren de que um púlpito rosa não é a resposta para o declínio moderno ou para os anseios da cultura. Quando os políticos, o mundo corporativo e todas as outras esferas da nossa sociedade parecem estar de cabeça para baixo devemos nos firmar corajosamente na suficiência e autoridade da inerrante Palavra de Deus.

Print Friendly, PDF & Email
Author Pastor-Shepherd

Josh Buice | Brasil

Josh Buice é o fundador do Ministério G3 e serve como pastor na Pray’s Mill Baptist Church (Igreja Batista Moinho de Oração) na zona oeste de Atlanta. Ele ama teologia, pregação, história da Igreja, e é bastante compromissado com a Igreja local. Ele gosta de praticar esportes, como corrida de longas distâncias e costuma caçar nas florestas do país. Ele tem escrito sobre salvação pela Graça desde que estava no seminário e tem atingido um número relevante de leitores com o passar dos anos.