O Inferno tem graus de condenação?

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A doutrina do inferno é frequentemente negligenciada ou evitada simplesmente por causa do peso e da dificuldade do assunto. Entretanto, é extremamente importante que os cristãos falem sobre o inferno da mesma forma que o texto bíblico o expõe. Nossas posições doutrinárias devem ser formadas com base nas Escrituras e não em nossos sentimentos sobre um assunto específico. A sua doutrina do inferno é diferente da que Cristo ensina?

O que Jesus ensinou sobre o Inferno?

No ministério terreno de Jesus, Ele pregou muitos sermões e ensinou sobre vários assuntos que são destacados no seu sermão mais famoso, conhecido como “O Sermão do Monte”. A pregação de Jesus não foi nada leve. Jeus é um profeta maior que Moisés, Ele confrontou com a verdade do Reino de Deus, cmo o céu e o julgamento de Deus no “lago de fogo” (Mateus 5:22). Jesus apontou para a certeza do céu e do inferno. Jesus também falou da eternidade do céu e do inferno (Mateus 25:46).

A sua doutrina do inferno é diferente da que Cristo ensina?

O próprio Senhor Jesus frequentemente descreveu o inferno como um lugar de julgamento justo contra os rebeldes e transgressores da Lei. Nós vemos evidências da doutrina do inferno de Jesus em múltiplas passagens (Mateus 5:22; 8:12; 10:28; 13:42; 24:51; 23:33; 25:30; Marcos 9:43-48; Lucas 13:28). Nestes textos, vemos uma linguagem pesada de ira, retribuição justa e punição. Isso aponta para a santa vingança de um Deus Soberano julga os pecadores.

Na parábola de Jesus em Lucas 16 sobre o rico e o Lázaro, a doutrina do julgamento divino no inferno é ilustrada vividamente quando o homem rico cai imediatamente no abismo do inferno após a sua morte. Nas chamas do inferno, o rico pede uma gota d’água para refrescar a língua pois afirma que estava “angustiado” nas chamas do julgamento (Lucas 16:24). Em contraste, Jesus aponta para o fato de que o pobre (Lázaro) estava em completo conforto na presença de Abraão (Lucas 16:25). A presença de Abraão foi um meio de ilustrar um lugar de bênção, uma vez que os judeus idolatravam Abraão como seu herói judeu. A parábola aponta para a severidade da vingança divina de Deus.

Quando examinamos as parábolas de Jesus e a sua pregação sobre a doutrina do inferno, é evidente que Eempregou intencionalmente palavras-chave para destacar a severidade do inferno.

Fogo: Jesus muitas vezes usava a imagem do fogo para ilustrar o castigo que aguardava os impenitentes. Em Mateus 25:41 encontramos as palavras de Jesus: “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. (ACF)

Trevas Exteriores: Este termo destaca a separação da presença de Deus e o desespero associado ao castigo eterno. Em Mateus 8:12, Jesus disse: “E os filhos do reino (das trevas) serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes”.(ACF)

Pranto e Ranger de Dentes: Esta é uma linguagem descritiva que indica a angústia e o arrependimento daqueles que enfrentam o julgamento. Em Mateus 13:42, Jesus advertiu que aqueles que experimentarem o julgamento final de Deus serão lançados “na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes”.(ACF)

Graus de Condenação

A Bíblia ensina que o inferno será mais severo para algumas pessoas do que para outras. Embora todos os incrédulos que morrerem fora da graça de Deus experimentem a ira de Deus por toda a Eternidade no inferno, devemos reconhecer os ensinamentos claros das Escrituras que apontam para vários graus de punição no inferno.

Em Lucas 10 e Mateus 11, uma passagem paralela é encontrada em ambos os Evangelhos que aponta para a realidade de diferentes graus de punição no inferno. Pode ser uma surpresa para algumas pessoas, mas Jesus realmente ensinou que o inferno seria mais severo para aqueles que viviam em cidades como Cafarnaum do que para aqueles que viviam na perversa cidade de Sodoma. Observe as palavras de Jesus em Mateus 11:

Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza.
Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para vós.
E tu, Cafarnaum, que te ergues até ao céu, serás abatida até ao inferno; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.
Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti. (Mateus 11:21-24)

Jesus lança um ai para as pessoas que vivem em três cidades específicas e as compara com três cidades perversas. As cidades próximas ao Mar da Galileia (Corazim, Betsaida e Cafarnaum) estiveram no centro do ministério de Jesus. As pessoas ali viram uma grande luz. Eles testemunharam seus milagres, sinais e maravilhas – e ouviram sua poderosa pregação e ensino. Eles lotaram sinagogas e casas enquanto Jesus pregava as Escrituras. No entanto, a maioria dessas pessoas se afastou e rejeitou a Cristo.

As outras cidades mencionadas por Jesus (Tiro, Sidom e Sodoma) eram todas cidades ao norte — perto do Mar Mediterrâneo. Eram cidades fenícias. William Hendriksen explica:

Em Isaias 23 e Ezequiel 26-28, tem-se a impressão definitiva de que os marinheiros comerciais e os colonizadores que habitavam essas cidades eram orgulhosos, loucos por dinheiro e cruéis.

Amós fala do povo de Tiro vendendo israelitas como escravos aos edomitas. De acordo com Joel 3:6, os fenícios venderam os filhos de Judá e de Jerusalém aos gregos. Conhecemos a história de Sodoma e Gomorra. A cidade de Sodoma estava cheia de homossexualidade e pecado. Desta cidade derivamos a palavra “sodomita” para descrever o desvio sexual e a rebelião contra Deus pela prostituição. Entretanto, Jesus advertiu às cidades que tinham mais acesso ao seu ministério de pregação que o seu julgamento seria mais severo. Como diz Mateus 11:20, apesar de terem tido mais acesso ao Ministério de Jesus, eles foram indiferentes a Sua Mensagem.

Atualmente, uma vovózinha piedosa que frequenta a igreja todos os domingos e nunca cometeu bateu nos netos, desviou dinheiro do seu empregador ou cometeu homicídio pode morrer e ir para o inferno como um membro não convertido na Igreja. Em contra partida, o selvagem que cresce numa selva escura e é ensinado a adorar os seus antepassados ​​e nunca escutou sobre Jesus, morre e vai imediatamente para o inferno também. Entretanto, o inferno da avó será mais severo. Por que será mais grave? De acordo com o ensino de Jesus em Mateus 11 e Lucas 10, será mais severo com base no seu acesso ao Evangelho e porque rejeitou a Cristo continuamente.

O inferno será muito mais severo para alguns do que para os outros, porque o Senhor é um Juiz Justo e perfeito que julga com justiça perfeita e julgamento divino.

Em outras partes do Novo Testamento, encontramos outras passagens que ilustram os vários graus de punição eterna. Em Mateus 12:36-37, Jesus faz a seguinte declaração:

Eu lhe digo que no dia do julgamento as pessoas prestarão contas de cada palavra descuidada que proferirem, pois pelas suas palavras você será justificado e pelas suas palavras você será condenado.

toda palavra será julgada, o que revela que haverá uma condenação maior para algumas pessoas do que para outras. Em Lucas 12:47-48, Jesus compara dois servos que receberam uma ordem para seguir, e um recebeu uma “espancamento severo”, enquanto outro recebeu um “espancamento leve”. Isto também ilustra uma diferença na punição que será aplicada no retorno de Cristo.

E aquele servo que conhecia a vontade do seu senhor, mas não se preparou nem agiu de acordo com a sua vontade, receberá uma surra severa. Mas quem não sabia, e fez o que merecia uma surra, vai levar uma surra leve. De quem muito foi dado, muito será exigido dele, e daquele a quem muito confiaram, exigirão ainda mais.

Na carta de Paulo à igreja em Roma, ele escreve o seguinte em Romanos 2:5:

Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da Ira e da manifestação do juízo de Deus;

No versículo seguinte, Paulo escreve: “Ele retribuirá a cada um segundo as suas obras”. Os registros de nossas vidas serão abertos de acordo com Apocalipse 20:12. Seremos julgados pelos atos que praticamos e pelas palavras que proferimos. Os livros que narram as nossas vidas serão abertos e cada ação, palavra, pensamento e ação será exposta, examinada e julgada apropriadamente. Palavras e ações serão diferentes para cada indivíduo, portanto é claro que serão aplicados diferentes graus de punição.

Em outra passagem do Novo Testamento, o autor faz uma advertência clara aos Hebreus que aponta para a vingança de Deus contra aqueles que cometem pecado. Em Hebreus 10:29-31, encontramos as seguintes palavras:

Quanto pior castigo você acha que será merecido por aquele que pisoteou o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança pela qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Pois conhecemos aquele que disse: “Minha é a vingança; Eu vou retribuir.” E novamente: “O Senhor julgará o seu povo”. É algo terrível cair nas mãos do Deus vivo.

A linguagem chave “pior castigo” e “a vingança é minha, eu retribuirei” aponta para o fato de que aqueles que merecem punição pior a receberão do próprio Senhor. O inferno será muito mais severo para alguns do que para outros porque nosso Senhor é um juiz justo e perfeito que julga com justiça perfeita e julgamento santo.

Embora a doutrina do inferno não seja popular no meio evangélico. Nós devemos adotar a mesma doutrina do inferno que Jesus ensinou e a mesma que os apóstolos do Novo Testamento pregaram. Os ensinamentos do Novo Testamento apontam para a severidade do inferno, mas também para os diferentes graus de punição que serão medidos pelo juiz soberano de toda a humanidade.

Você conhece alguém que está demorando para se arrepender? Lembre-a que cada dia entregue ao pecado acumula mais ira. Cada palavra falada, pensamento descuidado e ação lasciva serão julgados de apropriadamente.

O sermão de Jonathan Edwards “Pecadores nas mãos de um Deus irado” é o sermão mais famoso pregado na história Mundial. Considere as palavras de um servo fiel de nosso Senhor que pregou este sermão poderosamente e Deus o usou para despertar muitas pessoas para a necessidade de arrependimento:

O arco da ira de Deus já está preparado, e a flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a flecha para vosso coração, e estica o arco. E nada, senão a misericórdia de Deus – um Deus irado! – que não se compromete e a nada se obriga, impede que a flecha se embeba agora mesmo do vosso sangue. Assim estão todos vocês que nunca experimentaram uma transformação real em vossos corações pela ação poderosa do Espírito do Senhor em vossas almas – todos vocês que não nasceram de novo, nem foram feitos novas criaturas, ressurgindo da morte do pecado para um estado de luz, e para uma vida nova nunca experimentada antes. Por mais que vocês tenham modificado a conduta em muitas coisas, e tenham possuído simpatias religiosas, e até mantido uma forma pessoal de religião com vossas famílias e em particular, indo à casa do Senhor, sendo até severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão nas mãos de um Deus irado.

Mateus 10:28 – Não temam os que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Em vez disso, tema aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno.

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Josh Buice | Brasil

Josh Buice é o fundador do Ministério G3 e serve como pastor na Pray’s Mill Baptist Church (Igreja Batista Moinho de Oração) na zona oeste de Atlanta. Ele ama teologia, pregação, história da Igreja, e é bastante compromissado com a Igreja local. Ele gosta de praticar esportes, como corrida de longas distâncias e costuma caçar nas florestas do país. Ele tem escrito sobre salvação pela Graça desde que estava no seminário e tem atingido um número relevante de leitores com o passar dos anos.