A Criação é o Templo de Deus

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Quando o profeta Isaías “vi o Senhor assentado em um alto e sublime trono”, o que ele viu foi a realidade do templo celestial de Deus: “e as abas de suas vestes enchiam o Templo”. O céu é um palácio real a partir do qual Deus governa soberanamente, mas também é um templo sagrado, cheio da glória de Deus. O Salmo 104:1-2 diz:

¹ Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
Senhor, Deus meu, como tu és magnificente:
sobrevestido de glória e majestade,
² coberto de luz como de um manto.
Tu estendes o céu como uma cortina,

Observe: Deus estendeu os céus como uma tenda – literalmente, como um tabernáculo de Sua presença. Isaías 40:22 também diz, o mesmo, que Deus estendeu os céus como um tabernáculo. Deus estava dando a Isaías uma visão do palácio/templo do céu, uma realidade invisível que pretendia realinhar a compreensão de Isaías sobre o que estava acontecendo na terra.

Na verdade, Deus criou esta terra para espelhar a realidade celestial invisível. Como os anjos cantam em Isaías 6:3, “toda a terra está cheia da sua glória!” Deus estendeu os céus como um tabernáculo e, da mesma forma, Deus criou toda a Terra para ser seu templo santo, cheio de Sua glória. O mesmo Espírito de Deus que dotou Bezalel com as habilidades para construir o tabernáculo de Israel, criou os céus e a terra como o tabernáculo terrestre de Deus (Gn 1:2).

Na verdade, a forma como Gênesis 2 descreve o Jardim do Éden prenuncia deliberadamente a descrição do tabernáculo de Israel mais tarde em Êxodo 25–27. É um lugar repleto de ouro e pedras preciosas. Gênesis 2 descreve pedras de bdélio e ônix, e Ezequiel 28 acrescenta sárdio, topázio, diamante, berilo, jaspe, safira, esmeralda e almandite. Uma fonte de água “Mas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo” (v6). O Jardim tinha todo tipo de árvore bonita e boa para comer.

Os paralelos com o tabernáculo e o templo de Israel são claros. Quando Deus ordenou ao povo que construísse o seu santuário, o povo trouxe metais preciosos e pedras preciosas para adorná-lo. Os instrumentos de adoração eram cobertos de prata, bronze e ouro. Ademais, quando Salomão constrói o templo, ele não poupa gastos em enfeitá-lo com ouro, ametista, bronze, ferro, ônix, pedras coloridas, “todo tipo de pedras preciosas e mármore” (1 Crônicas 29:2–3). A fonte vivificante estava no Jardim, o Salmo 46 proclama: “Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, a santa habitação do Altíssimo. Deus está no meio dela; ela não será demovida.” Finalmente, a Árvore da Vida no Jardim era simbolizada pelo candelabro de ouro no santuário de Israel.

O Jardim do Édem era o Santuário Terreno de Deus



Portanto, o Jardim do Éden era o santuário terrestre de Deus. Gênesis 2 nos diz que depois de preparar este santuário, Deus criou Adão à sua imagem e o colocou no Jardim do Éden. A palavra traduzida como “colocar” em Gênesis 2:15 não é o mesmo termo que o genérico “colocar” no versículo 8. No versículo 15, Moisés usa um verbo que significa “colocar para descansar”. Deus colocou Adão em seu santuário como lugar de descanso sabático. Ezequiel 28 nos diz que o Éden era um jardim santuário no topo da montanha de Deus. A Terra era o tabernáculo e o Jardim era o santo dos santos, onde Adão habitava na presença de Deus. Notavelmente, o verbo “andou” em Gênesis 3:8 é usado posteriormente para descrever a presença de Deus no tabernáculo (Lv 26:12).

Gênesis 2:15 diz que Deus pegou o homem e o colocou no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo. Moisés usa aqui palavras hebraicas específicas — trabalhar e guardar — que ele também usaria mais tarde em Números para descrever o trabalho sacerdotal dos levitas no tabernáculo que deveriam guardar o santuário de Deus e oferecer serviço espiritual diante de Sua presença. Por exemplo, Números 3:8 usa as mesmas palavras hebraicas quando diz que os sacerdotes “cumprirão o seu dever para com os filhos de Israel, no ministrar no tabernáculo”.

Adão foi incumbido de fazer o mesmo no Santo dos Santos do Jardim do Éden. Ele deveria guardar o santuário, protegendo-o de qualquer coisa impura. Ele deveria oferecer obediência perfeita ao Senhor. Se Adão cumprisse esse papel que Deus lhe deu em seu santuário, Adão teria permissão de comer da árvore da vida e entrar no descanso sabático Eterno na presença de Deus no céu mais elevado, que é prefigurado no sábado semanal. No começo de tudo, o local de habitação do Homem coincidia com o de Deus. Este era o desígnio do Senhor.

No começo de tudo, o local de habitação do Homem coincidia com o de Deus

Entretanto Adão pecou. Ele falhou em guardar o santuário do jardim de Deus, permitindo que Satanás — um ser angélico criado — o contaminasse. Ele desobedeceu à ordem de Deus comendo do fruto proibido. Consequentemente, Adão foi expulso do santuário sagrado da presença de Deus. O Senhor colocou querubins na entrada do jardim para impedir que o homem entrasse naquele descanso sabático no santuário. É por isso que os querubins foram bordados no véu do tabernáculo a fim de proibir as pessoas de entrar no santuário da presença de Deus.

Ainda temos Esperança. Hebreus 4:8 promete: “resta um descanso sabático para o povo de Deus” através de Jesus, o Filho de Deus, “que transpassou os Céus” (Hebreus 4:14). Através da fé na obra expiatória de Cristo, o povo de Deus um dia desfrutará do descanso Eterno no santuário da presença de Deus como Ele sempre desejou.

Através da fé na obra expiatória de Cristo, o povo de Deus um dia desfrutará do descanso eterno no santuário da presença de Deus que ele pretendia no início.

Portanto, os profetas descrevem o descanso para o povo de Deus como um retorno ao santuário do Jardim que Deus planejou. O profeta Joel prediz um tempo em que uma fonte vivificante fluirá do templo (Joel 3:17–18), e João viu “o rio da vida, brilhante como cristal, fluindo do trono de Deus e do Cordeiro”. (Apocalipse 22:1). Isaías prediz que a futura cidade e o templo serão construídos com joias preciosas (Isaías 54:11–12), assim como João (Apocalipse 21:10–21). Ele também vê no lugar do futuro descanso uma Árvore da Vida com folhas “para a cura das nações” (Ap 22:2).

Como Meredith Kline afirma belíssimamente:

No decorrer da história humana, é através de Jesus, o segundo Adão, que o povo de Deus encontra o caminho para a esfera do descanso sabático de Deus. É ele quem os conduz à verdadeira e eterna Canaã, ao novo Éden. Mas esta realização redentora do segundo Adão ilumina o projeto do programa originalmente atribuído ao primeiro Adão.

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Scott Aniol | Brasil

Scott Aniol, PHD, é o vice presidente executivo e o editor chefe do ministério G3. Ele é palestrante internacional, atuando em diversas igrejas, conferencias, faculdades, e seminários. Scott já escreveu diversos livros e dezenas de artigos.

Você pode saber mais a respeito dele em www.scottaniol.com Scott e sua esposa, Becky, tem quatro filhos. Caleb, kate, Christopher e Caroline.