Não, mulheres não podem pregar

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A Escritura contém muitas passagens que são difíceis de interpretar – Pedro diz isso em (2 Pedro 3:16). O que seria o “batismo pelos mortos” em 1 Coríntios 15? Quem eram os Nefilins de Gênesis 6? O que Pedro quis dizer quando afirmou que Jesus “foi e pregou aos espíritos em prisão” (1 Pedro 3:19)? O que a Bíblia quer dizer quando diz que Deus se arrepende de fazer algo (1 Sm 15:11)?

Algumas dessas passagens difíceis dizem respeito à questão das mulheres no contexto dos cultos na igreja. 1 Coríntios 11 exige que as mulheres usem véu na cabeça na adoração corporativa? 1 Coríntios 14:34 significa que as mulheres não podem falar nas reuniões da igreja? O que Paulo quer dizer quando diz que as mulheres devem “ficar quietas” (1 Tm 2:12)?

Sempre que encontrarmos passagens difíceis, devemos seguir um princípio importante: interpretar passagens escuras nas Escrituras à luz de passagens claras. Ademais existe um princípio importante: Nunca devemos basear uma doutrina central em uma ou duas passagens escuras.

Quando se trata da questão de se as mulheres podem ou não pregar ou ocupar o cargo de pastora, tornou-se comum argumentar em favor de mulheres pregadoras ou pastoras com base em textos escuros Escrituras.

Entretanto, vários textos sobre a natureza do ministério pastoral são claros, e é meu objetivo resumir brevemente esses textos-chave e o que eles concluem sobre as mulheres e o ministério pastoral.

O Dom e o Ofício pastoral são equivalentes

Tornou-se cada vez mais comum argumentar que, embora uma mulher não possa ocupar o oficio de pastora na igreja, ela pode ter recebido esse dom e, portanto, pode exerce-lo dentro da igreja, mesmo com homens presentes no local.

Efésios 4:11 sempre é citado para argumentar que pastor-mestre é um dom dado sem qualificação tanto para homens quanto para mulheres dentro da igreja, que é diferente do ofício pastoral.

E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres,com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, (Efésios 4:11-12)

O principal problema com esta linha de raciocínio é que a passagem não descreve habilidades dadas a indivíduos, mas sim ofícios dados a igrejas. Em outras palavras, Paulo não está descrevendo dons que Deus concede a indivíduos particulares; ao contrário, os dons que Deus dá são ofícios particulares dentro da igreja.

Paulo não diz que Deus deu aos indivíduos a capacidade de ser um apóstolo, a capacidade de profetizar, a capacidade de evangelizar ou a capacidade de pastorear e ensinar. Não, Paulo diz que Deus deu os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores e mestres à igreja com o propósito de equipar os santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo. O argumento de Paulo é que Deus deu indivíduos à igreja, não habilidades a indivíduos.

Agora, é claro, Deus deu a esses indivíduos a quem Ele dotou à igreja as habilidades necessárias para seus ofícios, mas esse não é o ponto principal do texto. Efésios 4:11–12 descreve ofícios dentro da igreja, não dons de indivíduos.

Portanto, “pastor-mestre” é um ofício que Deus deu como um presente ou dom à Igreja.

Efésios 4:11–12 descreve ofícios dentro da igreja, não dons de indivíduos.

À luz desse entendimento do que Paulo está dizendo em Efésios 4, a próxima pergunta deve ser, portanto, quem está qualificado para o ofício pastoral (poimēn)?

Somente homens podem servir como bispos e anciãos

As escrituras são claras em afirmar que apenas homens podem servir no cargo de bispo, observe que uma das qualificações para o episcopado (episkopos) em 1 Timóteo 3:1–7 é que ele deve ser “marido de uma só mulher. ”

Igualmente, em Tito 1, Paulo dá como qualificação para os presbíteros (presbyteros) que eles devem ser: “marido de uma só mulher”.

Novamente, seria impossível argumentar com base nessas duas passagens-chave que mulheres poderiam preencher essas qualificações.

Pastor, Bispo e Ancião se refere ao mesmo ofício

Por outro lado, Efésios 4 não diz que bispos ou presbíteros foram dados como dons às igrejas, diz que pastores foram dados às igrejas. Portanto, alguns podem argumentar que, embora as mulheres claramente não possam servir como bispas ou anciãs, não há passagens bíblicas que afirmem claramente que apenas os homens podem servir como pastores.

Entretanto, aqui está outra verdade que é inequivocamente clara nas Escrituras: pastor, bispo e presbítero referem-se ao mesmo ofício.

Permita-me mostrar esse fato. Primeiro, em Tito 1:5–7, Paulo se refere claramente ao ofício de presbítero e ao ofício episcopal de forma intercambiável:

A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava e constituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instruí. É preciso que o presbítero seja irrepreensível, marido de uma só mulher, e tenha filhos crentes que não sejam acusados de libertinagem ou de insubmissão. Por ser encarregado da obra de Deus, é necessário que o bispo seja irrepreensível: não orgulhoso, não briguento, não apegado ao vinho, não violento, nem ávido por lucro desonesto. (Tito 1:5-7)

Paulo descreve claramente um ofício usando tanto o termo presbítero (presbyteros) quanto bispo (episkopos).

Igualmente, depois que Paulo lista as qualificações para o bispo (episkopos) em 1 Timóteo 3, ele usa o termo “presbítero” (presbyteros) no mesmo contexto em 1 Timóteo 5:17. Claramente, Paulo considera o “bispo” e “presbítero” como dois termos que descrevem o mesmo ofício.

E quanto ao ministério pastoral (poimēn)? Três textos adicionais claramente identificam esse termo com os outros dois citados.

O primeiro texto é 1 Pedro 5:1–2, Pedro admoesta os presbíteros a “pastorear o rebanho de Deus que está entre vós, exercendo a supervisão ou episcopado”. Ao se dirigir aos presbíteros, Pedro usa formas verbais dos termos para pastor (poinaino) ) e bispo (episkopeo). Ele está descrevendo um ofício da igreja usando três termos: presbítero, pastor e bispo.

Em segundo lugar, em 1 Pedro 2:25, Pedro usa os termos pastor (poimēn) e bispo (episkopos) de forma intercambiável com relação a Jesus.

Terceiro, em Atos 20:17-38, Paulo reúne os “anciãos” (plural de presbyteros) da igreja em Éfeso, referindo-se a eles como “bispos” (plural de episkopos) e os exorta a “pastorear” (forma verbal de poimēn) o “rebanho” (poimnion) (v 28).

Algo claro nesses textos conjuntos é que os termos bispo (episkopos), ancião (presbyteros) e pastor (poimēn) se referem a um ofício singular, um dom que foi dado às igrejas por Deus para seu benefício espiritual.

os termos bispo (episkopos), ancião (presbyteros) e pastor (poimēn) se referem a um ofício singular, um dom que foi dado às igrejas por Deus para seu benefício espiritual.

Consequentemente, se a Escritura é pontual que apenas homens podem servir no ofício de bispo/presbítero, então também segue o termo intercambiável “pastor” mencionado em Efésios 4:11. Este é o claro ensino das Escrituras contra o qual todas as outras passagens escuras devem ser interpretadas.

Mulheres não podem ensinar homens

Existe ainda outra questão. Alguém pode concordar que uma mulher não pode servir no cargo de bispa/anciã/pastora, mas ela pode ser dotada de ensino e pregação e, portanto, pode ser autorizada a pregar no contexto da igreja, desde que os pastores da igreja permitam que ela o faça.

Entretanto, existe um texto claro da Bíblia que as proíbem de ensinar:

Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio. (1 Tm 2:12)

Novamente temos um texto muito claro. Uma simples leitura deste versículo proíbe uma mulher de ensinar as Escrituras (ou seja, pregar) ou de exercer qualquer outra forma de autoridade sobre homens.

Alguns podem argumentar que a passagem apenas proíbe o “ensino autoritativo” e, portanto, a pregação debaixo da autoridade de seus pastores é permitida. Mas esse argumento é fraco gramatico e logicamente. Gramaticalmente, o “ou” neste versículo indica que essas são duas diferentes que são proibidas. E logicamente, a pregação da Palavra de Deus é sempre, por definição, autoritativa.

Além disso, essa mesma proibição nos leva ao capítulo 3, onde Paulo qualifica um bispo, conectando inextricavelmente a atividade de pregação ao ofício de bispo/presbítero/pastor.

A Escritura é clara: mulheres não podem servir no ofício pastoral, que engloba tanto a atividade de pastoreio quanto a de pregação.

A Escritura é clara: mulheres não podem servir no ofício pastoral, que engloba tanto a atividade de pastoreio quanto a de pregação.

Mulheres podem compartilhar o Evangelho, ensinar outras mulheres e crianças

Um último ponto precisa ser abordado. É comum argumentarem que as mulheres podem pregar ou servir em uma função pastoral porque têm capacidade de compartilhar o evangelho ou ensinar mulheres e crianças. Mas não é disso que estamos falando.

A Escritura é clara, primeiro, todos os cristãos são chamados para cumprir a Grande Comissão, não apenas os pastores. As mulheres cristãs devem de fato compartilhar o evangelho com outras pessoas; isso não é o mesmo que pregar ou pastorear.

Ademais, a Escritura também é clara em afirmar que as mulheres podem ensinar outras mulheres e também crianças.

Semelhantemente, ensine as mulheres mais velhas a serem reverentes na sua maneira de viver, a não serem caluniadoras nem escravizadas a muito vinho, mas a serem capazes de ensinar o que é bom.
Assim, poderão orientar as mulheres mais jovens a amarem seus maridos e seus filhos, (Tito 2:3-4)

Deus certamente concede às mulheres cristãs maturidade espiritual, sabedoria, discernimento e habilidades de ensino para que ensinem outras mulheres e crianças a conhecer e amar a Deus.

Louvado seja Deus por dotar Seu povo e Suas igrejas, e podemos confiar em como Ele sabiamente escolheu fazê-lo.

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Scott Aniol | Brasil

Scott Aniol, PHD, é o vice presidente executivo e o editor chefe do ministério G3. Ele é palestrante internacional, atuando em diversas igrejas, conferencias, faculdades, e seminários. Scott já escreveu diversos livros e dezenas de artigos.

Você pode saber mais a respeito dele em www.scottaniol.com Scott e sua esposa, Becky, tem quatro filhos. Caleb, kate, Christopher e Caroline.