A Linha Divisória da Justiça Social

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nosso mundo está dividido, nossa nação está dividida e a igreja evangélica está dividida. Vivemos em um mundo quebrado, onde tanto a alma do homem quanto a própria criação gemem pelo retorno do Rei Jesus que fará novas todas as coisas. Os Novos Céus e a Nova Terra serão repletos de relacionamentos perpétuos e um Mundo justo. Todos os sistemas serão puros e sem a mancha de imperfeição. É por isso que a cada Dia do Senhor, quando desfrutamos de um pedacinho do Céu na Terra com a igreja reunida, nos unimos ao apóstolo João em oração: “Vem depressa, Senhor Jesus”, porque até mesmo nossa apreciação do céu é imperfeita e manchada pelo pecado.

A menos que você esteja vivendo em uma caverna, é bastante claro que as coisas não vão bem no evangelicalismo. Estamos mais divididos hoje do que em qualquer momento da História. Estamos fraturados e continuaremos a nos dividir enquanto as linhas forem traçadas na areia em relação à justiça social. Com a mídia social sendo um megafone, as pessoas exageram e dão a sua opinião com e retórica divisora pontuada com emojis e hashtags para deixar claro o seu ponto. Isso parece familiar? Isso parece com o cristianismo bíblico (Efésios 4:31-32)?

Uma das áreas mais intensas da divisão é desenhada em linhas étnicas. Como podemos nos envolver sem pecar uns contra os outros e contra Deus nesta época tensa da história da igreja?

Ouçam uns aos outros

Nos últimos meses e anos, muitas pessoas que abraçam as ideias de justiça social têm feito muito alarde. Com o lançamento da Declaração sobre Justiça Social e o Evangelho em 2018, as coisas mudaram. A Declaração não causou divisão, mas conseguiu destacar a divisão que já existia.

A técnica comum hoje é evitar lidar com questões reais. Aqueles de pele branca que discordam em questões de justiça social são frequentemente rejeitados sem empatia e rotulados de racistas. As pessoas negras que discordam em questões de justiça social são frequentemente chamadas de “capitão do mato” ou “fascista” e são completamente descartadas da conversa.

Desde o lançamento da Declaração sobre Justiça Social e o Evangelho, nenhuma refutação teológica robusta foi proposta. Com todos os homens e mulheres que discordam veementemente da Declaração – certamente alguém poderia dedicar seu tempo para demonstrar biblicamente onde estão os erros na Declaração. Será que a maioria daqueles que discordam veementemente do documento se recusam a ouvir e muitos não leram a Declaração à qual se opõem?

Conferências estão sendo realizadas onde palestrantes negros estão fazendo declarações radicais sugerindo que “a branquitude é perversa. É perverso. Está enraizado na violência, está enraizado no roubo, está enraizado na pilantragem, está enraizado no poder, no privilégio.” Tais declarações são elogiadas publicamente em vez de confrontadas por outros líderes negros nos círculos evangélicos. No momento em que uma pessoa branca contesta, ela se torna racista. Os brancos não podem falar? Os brancos estão sendo convidados a sentar e ouvir enquanto os negros falam? O caminho sábio seria ouvir. Os inegros também precisam ouvir (Pv 15:32).

A Conferência G3 lançou um gráfico com um convite para um painel de discussão GRATUITO na Convenção Batista do Sul de 2019, onde um grupo discutiria as questões de justiça social e como essas ideias influenciaram muitos nos círculos evangélicos. Pelas observações caluniosas e críticas nas mídias sociais, você pensaria que estávamos vestidos com capuzes KKK (ku klux klan-Grupo Supremacista Branco) anunciando que estaríamos promovendo a supremacia branca. O motivo da resistência foi que não tínhamos nenhum negro no painel. Um exemplo de retórica infalamada e calúniosa foi do bispo Talbert Swan, ele twittou o seguinte:

5 homens brancos evangélicos que assinaram uma proclamação de justiça anti-social não estão qualificados para falar sobre o tema da justiça social. Eles não são qualificados para dizer às mulheres “como agir em seus papéis como mulheres”.Vocês estão qualificados para falar sobre serem racistas e misóginos.

Embora tenhamos feito um convite a alguns irmãos que por acaso são negros, não os convidamos porque eles têm pele negra. Não estamos interessados ​​em cotas raciais. Nós nos opomos ferrenhamente ao tokenismo (é uma forma de discriminação que ocorre quando uma pessoa de um grupo minorizado é selecionada ou promovida para uma posição, não devido às suas habilidades e qualificações, mas sim devido à sua raça). Acreditamos que essa ideia seja pecaminosa e partidarista de nossos irmãos e irmãs negros em Cristo. A seleção ocorre pelos dons e por quem consegue comunicar a verdade sobre os problemas – independentemente da cor da pele.

Em uma postagem no Facebook, Dwight Mckissic Sr. fomentou a divisão em relação ao nosso painel de discussão, escrevendo:

Então vamos ver se eu entendi direito. ESSE é o primeiro painel que quer discutir justiça social (da qual nada sabem) e depois defini-la como perigosa. Isso é uma piada antes mesmo de começar. Eu me pergunto se eles vão discutir a brutalidade policial? Eu me pergunto se eles vão discutir sua teologia misógina? Eu me pergunto se eles vão discutir o sistema de injustiça penal? Este painel é como ter ateus discutindo os perigos de pregar sobre o cristianismo. Me ajuda aí poxa!

Outros ainda, em outra postagem do Facebook, se gabaram de se inscrever para o evento a fim de ocupar assentos e impedir que as pessoas comparecessem. Mais uma vez, essas pessoas afirmam ser nossos irmãos e irmãs em Cristo, mas se recusam a ouvir algo que desafie sua própria posição. Essa postura defensiva e divisora segue o mesmo espírito que literalmente tomou conta do sistema universitário em nosso país, já que os liberais se recusam a ouvir e até ficaram violentos em seu protesto contra qualquer orador que ousasse desafiar a validade de suas próprias posições pós-modernas e filosofias.

Para os negros gritarem acusações de “supremacia branca” contra pessoas brancas que nunca possuíram um escravo, nunca apoiaram as leis de Jim Crow (leis estaduais e locais que impunham a segregação racial no sul dos Estados Unidos) e não têm atitudes de racismo em suas vidas ou práticas ministeriais é, na melhor das hipóteses, divisor, na pior das hipóteses, discriminação. Para os brancos, ignorar injustiças e discriminação também é um desafio. Somos chamados a chorar com os que choram e nos alegrar com os que se alegram (Rm 12:15). Ambos os lados desta conversa devem aprender a ouvir um ao outro e buscar a unidade no Evangelho. Quando aqueles que abraçam as ideias de justiça social ouvirem o lado oposto articular suas posições, eles descobrirão que não nos opomos a ajudar as pessoas e nem rejeitamos o fato de que existem injustiças no Mundo. A linha de divisão é baseada em como escolhemos enfrentar os problemas do Mundo. Simplificando, a justiça social não é a justiça bíblica. Eles são conceitos diferentes.

No entanto, quando ouvimos uns aos outros, quando temos a oportunidade de responder, pode haver a necessidade de oferecer correção ou apontar o erro de uma posição específica baseada na autoridade da Palavra de Deus. Quando apontamos soluções, precisamos centralizar nossas posições em capítulos e versículos – ou seja, com base bíblica.

Ouvir a Palavra de Deus

Quando se trata de abordar o mal e o erro, a verdade tem uma cor específica? A verdade deve ser dita por uma pessoa com uma quantidade específica de melanina para transmitir a mensagem? É realmente verdade que a experiência vivida é necessária para abordar questões em nossa cultura? É permitido a um homem branco heterossexual usar a Bíblia para abordar o pecado da homossexualidade ou ele precisa de uma vivência na atividade homossexual para apontar o erro? Curiosamente, essa não foi a abordagem do apóstolo Paulo ao abordar a divisão entre judeus e gentios. Ele não era um gentio, mas entendia os problemas e entendia suas queixas. Da mesma forma, ele apontou o Evangelho para judeus e gentios.

Quando Paulo escreveu uma carta para uma igreja dividida em Éfeso, ele não falou aos gentios sobre o “privilégio judaico” e procurou informá-los sobre como eles haviam sistematicamente afastado os gentios da graça de Deus. Da mesma forma, ele não falou com os judeus sobre o “privilégio romano” e explicou como eles foram sistematicamente oprimidos e discriminados com base em sua etnia. Em vez disso, Paulo se recusou a falar de política ou retórica social. Ele apontou a ambos os grupos o Evangelho suficiente de Jesus e a obra de Cristo na cruz, onde a verdadeira unidade é encontrada e onde o “muro de divisão da inimizade” é derrubado (Efésios 2:14).

Justiça social não é ajudar as pessoas. Muitas pessoas que são arrastadas para a nuvem de poeira da justiça social não conseguem entender como alguns grupos podem se opor a ajudar as pessoas. Simplificando, a justiça social é sobre ganhar poder e destronar as pessoas de assentos de poder e autoridade. Veja a declaração de Ekemini Uwan, por exemplo, na Sparrow Conference, onde ela disse o seguinte:

Então, quando falamos sobre identidade branca, temos que falar sobre o que é branquitude. Bem, a realidade é que ela está enraizada na pilantragem, no roubo, na escravidão, na escravização dos africanos, no genocídio dos nativos americanos, estamos sentados em terras roubadas, se você está na América, estamos sentados em terras roubadas, em todos os lugares da América, esta é a realidade da terra que foi roubada dos nativos americanos e temos que reconhecer. É uma estrutura de poder, isso é a branquitude, e então o que as mulheres brancas devem fazer é se despir da branquitude porque o que aconteceu foi que seus ancestrais realmente fizeram uma escolha deliberada de se livrar de sua identidade étnica e ao fazê-lo despojaram os africanos na América de sua identidade étnica.

Observe seu foco na “branquitude” como uma estrutura de poder que precisa ser eliminada. Mais uma vez, a justiça social não deve ser confundida com um movimento que está interessado em ajudar os feridos – trata-se de desconstruir hierarquias, o que é um movimento direto de Jacques Derrida em seu trabalho pós-moderno intitulado: Gramatologia. Todos devemos ter cuidado para distinguir a justiça social e a justiça bíblica. Da mesma forma, todos devemos ser diligentes para nos separar daqueles que causam divisão e ofendem o Evangelho, promovendo ideologias mundanas e métodos divisivos de desconstrucionismo que espelham técnicas mundanas em vez dos mandamentos da Igreja de Jesus. Resumindo, não devemos apenas ouvir uns aos outros, mas devemos ouvir a Palavra de Deus, ela é suficiente. Os que se opõem à justiça social não negam a existência de verdadeiras injustiças. Eles discordam em como lidar com as injustiças deste Mundo Caido. A bases da Sola Scriptura e da suficiência das Escrituras devem ser abordada eregidas nesse momento.

A mensagem de Justiça Social está repleta de retórica política, métodos e ideias que simplesmente não se enquadram no evangelho de Jesus. Quando paramos e consideramos o fato de que Jesus não veio como um guerreiro da justiça social para libertaros orpimidos da discriminação e da injustiça sistêmica, mas, em vez disso, ele veio para morrer por pecadores culpados que merecem o inferno e que merecem a ira de Deus, mesmo os mais bondosos – as idéias começam a se encaixar na perspectiva adequada.

Da mesma forma, quando lemos a Palavra de Deus, não vemos os apóstolos incentivando o uso de métodos sociais, justiça social e ideologias politicamente carregadas a fim de buscar a unidade ou alcançar uma comunidade. Não importa se é a escravidão, a dignidade das mulheres ou a divisão étnica entre judeus e gentios – os apóstolos estão consistentemente apontando as pessoas para a cruz de Jesus. Temos uma mensagem maravilhosa, então por que trocaríamos r a Bíblia por ideais de justiça social?

A linha divisória em toda a confusão do debate sobre justiça social se resume em: Se vamos ou não abordar o pecado, as injustiças reaise as complexidades culturais por meio da Palavra autoritativa e suficiente ou se vamos abordar essas questões por meio dos métodos falidos do pós-modernismo e politicagem?

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Josh Buice | Brasil

Josh Buice é o fundador do Ministério G3 e serve como pastor na Pray’s Mill Baptist Church (Igreja Batista Moinho de Oração) na zona oeste de Atlanta. Ele ama teologia, pregação, história da Igreja, e é bastante compromissado com a Igreja local. Ele gosta de praticar esportes, como corrida de longas distâncias e costuma caçar nas florestas do país. Ele tem escrito sobre salvação pela Graça desde que estava no seminário e tem atingido um número relevante de leitores com o passar dos anos.