Os Salmos tem o propósito divino de nos levar a uma vida profunda de bênçãos e louvor. Então como eles fazem isso? O Salmo de numero 15 faz esse pergunta logo na introdução:
SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo?
Quem morará no teu santo monte?
Quem poderá subir o monte do Tempo para bendita adoração contra toda a dura realidade que enfrentamos todos os dias? O Salmo responde:
²Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça,
e fala a verdade no seu coração.
O Salmo continua faando sobre a característica desse homem que pode subir no Monte Santo do Senhor:
³Aquele que não difama com a sua língua,
nem faz mal ao seu próximo,
nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo;
4A cujos olhos o réprobo é desprezado;mas honra os que temem ao Senhor;
aquele que jura com dano seu, e contudo não muda.
5Aquele que não dá o seu dinheiro com usura,nem recebe peitas contra o inocente.
Quem faz isto nunca será abalado.
Este é um salmo impressionante, especialmente porque foi colocado no Livro I do Saltério. Não existe nenhuma menção aos ímpios nesse trecho. Como também não existe nenhuma menção ao pecado. O Salmo 15 descreve essencialmente o homem verdadeiramente bendito, aquele que se submete ao Senhor como rei e, portanto, desfruta do tipo de florescimento que Deus originalmente prometeu a Adão, uma vida livre de tribulações e cheia de louvor.
Ainda assim, existe uma pergunta difícil: A quem se refere o tipo de Salmo numero 15? Quem é esse que: “Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração”? Quem pode habitar na presença de Deus?
O Salmo 14 já havia respondido: Ninguém, não há sequer um.
As Canções de Jesus
Quando se lê o Salmo 15 de maneira isolada, ele pode ser um salmo bem “alegre”, mas quando lido em seu contexto canônico, ele pode soar bastante desencorajador. Ninguém consegue alcançar a medida apresentada pelo Salmo 15.
Eis aí a importância de reconhecer a organização intencional dos Salmos. É muito instrutivo perceber que o Salmo 24 pergunta quase as mesmas coisas que constam na introdução do Salmo 15:
Quem subirá ao monte do Senhor?
ou quem estará no seu lugar santo?
Não deveria ser nenhuma surpresa de que o Salmo 24 continua respondendo as questões de uma forma muito similar ao Salmo 15:
4Aquele que é limpo de mãos e puro de coração,
que não entrega a sua alma à vaidade,
nem jura enganosamente.
5Este receberá a bênção do Senhor
e a justiça do Deus da sua salvação.
6Esta é a geração daqueles que buscam,
daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó.
Os editores colocaram os Salmos 15 e 24 intencionalmente para formar um inclusio – ambos lidam com as mesmas perguntas e as mesmas respostas: somente uma pessoa perfeitamente justa pode subir o monte e habitar na presença do Senhor. Mas enquanto o Salmo 15 nos deixa desencorajados com a realidade de que “não há ninguém que faça o bem, nem um sequer” (Sm 14:3), o Salmo 24 continua identificando o único homem que já viveu e que se qualifica para subir o monte santo de Deus:
7Levantai, ó portas, as vossas cabeças;
levantai-vos, ó entradas eternas,
e entrará o Rei da Glória.
8Quem é este Rei da Glória?
O Senhor forte e poderoso,
o Senhor poderoso na guerra.
9Levantai, ó portas, as vossas cabeças,
levantai-vos, ó entradas eternas,
e entrará o Rei da Glória.
10Quem é este Rei da Glória?
O Senhor dos Exércitos,
ele é o Rei da Glória.
Quem pode subir o monte santo de Deus? Apenas uma pessoa: O Rei da Glória! E quem é o Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, Ele é o Rei da Glória. O próprio Senhor é o único que pode subir no Monte.
Quem pode subir o monte santo de Deus? Apenas uma pessoa: O Rei da Glória! E quem é o Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, Ele é o Rei da Glória. O próprio Senhor é o único que pode subir no Monte.
Entretanto os salmos nos levaram a esperar a possibilidade do tipo de bem-aventurança que esses salmos descrevem para um homem, não simplesmente para o próprio Senhor. Deus prometeu que um filho ungido de Davi subiria o Monte, não apenas o Senhor. Obviamente, a resposta está em um Deus-homem, o Ungido que é filho de Davi e Senhor de Davi. E entre a conclusão do Salmo 15 e do Salmo 24, os editores nos apresentaram este Deus-homem, aquele que cumpre os deveres que Adão não cumpriu, nem mesmo Moisés, Josué, Davi e Salomão. Eu me refirmo ao homem verdadeiramente bendito.
Ele é aquele que coloca a sua confiança no Senhor (Sm 16.1), assim como descrito no Salmo 1 e 2. Deus não o deixará na sepultura, ou permitirá que o seu santo sofra decomposição (Sm 16.10). Pelo contrário, Esse homem bendito desfrutará de plena alegria e deleite na presença de Deus (Sm 16.11). Davi não está falando dele mesmo no Salmo 16-ele também falha nos requisitos propostos pelos Salmos 15 e 24. Não, Pedro diz em Atos 2.25 que Davi está falando dele- o grande filho. Ele é a pupila dos olhos de Deus (Sm 17.8). Ele é o rei ungido por quem Deus demonstrou misericórdia e livramento (Sm 18.50). É aquele que perfeitamente tem prazer na Lei do Senhor (Sm 19). E Salmos 20-24 se referem sobre as vitórias desse Rei, a medida que Ele faz Seu próprio caminho até a Santa Cidade de Deus e sobe o Seu Santo Monte. Não obstante, parte dessa vitória requer sofrimento (Sm 22). Porém esse sofrimento é o que o qualifica para ser o pastor do Seu povo (Sm 23), e em ultima instância, é o que o qualifica para subir ao Monte do Senhor e permanecer nesse Santo lugar.
Conclusão, o único que é digno de subir o Monte do Senhor- o homem verdadeiramente bendito- é Jesus, o ungido, o grande filho de Davi, que viveu em perfeita obediência à Lei do Senhor, sofreu para pagar a pena do pecado que seu povo merecia, e levantou-se em vitória para tomar seu trono legítimo como governante mediador de Deus.