O verso mais mal interpretado da Biblia

Josh Buice

Judge-Not

Historicamente, o verso mais famoso da Escritura é João 3.16. É o resumo do Evangelho em um verso. Ele foi pregado, citado e memorizado mais do que qualquer outro verso na história do Mundo. Tim Tebow uma vez escreveu João 3.16 nas bochechas do seu rosto (pintura tradicional nesses jogos), durante o  campeonato nacional do jogo de futebol americano da faculdade. Depois do jogo, enquanto fazia uma refeição, disseram que cerca de 94 milhões de pessoas haviam buscado no Google o verso: “João 3.16” durante o jogo. 

Muito antes de Tim Tebow começar a jogar futebol na faculdade, um homem excêntrico chamado Rollen Stewart, se tornou popular por sua peruca colorida e sua camiseta escrita: João 3.16. Ele se colocava em posições estratégicas para que fosse filmado na arquibancada de jogos de basquete nas décadas de 70 e 80. Rollen Stewart, conhecido como homem arco íris e Rollen (seu sobrenome) o mito, popularizou João 3.16 ao usar placas com esse verso e campanhas bem planejadas. 

Hoje, parece que outro verso é o mais citado de nossos dias, trata-se das palavras de Jesus encontradas em Mateus 7 e Lucas 6.

“Não Julgueis, para que não sejais julgados”. 

Como em todo verso bíblico, você pode alterar o significado se você interpretá-lo fora do contexto próprio do texto e fora do ensino bíblico desse tema em específico. Em resumo, a afirmação feita por Jesus se tornou o verso mais mal interpretado e mais distorcido de toda a Bíblia.

Jesus nunca ensinou que não se deve julgar os outros

Em nossos dias, é comum ouvir pessoas começarem uma afirmação ou confissão pessoal com a frase: “não julgueis” ou “não julgue” e ainda “nunca julgue alguém.” De fato, a comunidade LGBTQIA+ frequentemente usa essa frase dita por Jesus para apoiar seu estilo de vida e se protegerem de qualquer julgamento a medida que eles praticam seu comportamento hipersexualizado que viola os preceitos de Deus para a humanidade, casamento e família. 

Isso pode ser um choque para alguns, porém Jesus nunca condenou o julgamento. De fato, Ele ordena que as pessoas pratiquem o julgamento. 

Isso pode ser um choque para alguns, porém Jesus nunca condenou o julgamento. De fato, Ele ordena que as pessoas pratiquem o julgamento. A afirmativa feita por Jesus foi tirada de seu famoso sermão, intitulado: “sermão do monte”. Nele, Jesus reuniu os seus  seguidores, apóstolos, e a multidão crescente de almas curiosas das comunidades unidas ao derredor e entregou um sermão com poder e autoridade.  

A afirmativa de Jesus em relação ao julgamento é centrada no julgamento hipócrita que se recusa a julgar apropriadamente. Portanto, não interprete erroneamente a frase de Jesus: “não julgueis” impondo a ela um significado que proíba o julgamento, pois isso não somente assassina a intenção de Jesus, como também prova que nós devemos ter cuidado e interpretar corretamente a Santa Escritura. Em resumo, a hermenêutica importa. Como interpretamos a Bíblia é fundamental para o estudo da Escritura. 

Quando nós lemos um conceito difícil na Escritura, nós devemos lembrar que a Bíblia interpreta a própria Bíblia. Nós começamos com um circulo interno pequeno do contexto imediato que cerca a passagem difícil que está sendo examinada. Nós nos fazemos algumas perguntas que podem ser úteis:

  • Qual e o sentido geral do contexto imediato?
  • Como o autor usa a palavra ou doutrina dentro desse livro específico da Bíblia?
  • Como o autor usa essa palavra ou doutrina dentro de outros escritos dentro do cânon?
  • Como o autor bíblico usa essa palavra ou doutrina?
  • Como outros usam esse termo ou doutrina fora do cânon bíblico durante esse período de tempo?

Isso vai ajudar a eliminar definições impróprias e interpretações equivocadas da Escritura no geral e nos levará diretamente a intenção original do autor no que  diz respeito a essa passagem, termo, ou doutrina que está em exame. Quando essa prática é aplicada de maneira apropriada em Mateus 7 e Lucas 6, fica claro que que Jesus não está proibindo o exercício do julgamento. 

Jesus ensinou as pessoas a julgarem apropriadamente

Nesse sermão, Jesus condenou o julgamento impróprio. A frase “não julgueis” dita por Jesus está conectada ao contexto imediato do texto em que ele ensina que devemos amar os outros apropriadamente e evitar a hipocrisia. Jesus nunca condenou o exercício do julgamento apropriado. Além disso, o contexto mais remoto mostra que toda a Escritura adverte que devemos praticar o julgamento corretamente. 

A frase “não julgue” dita por Jesus está conectada ao contexto imediato do texto em que ele ensina que devemos amar os outros apropriadamente e evitar a hipocrisia. Jesus nunca condenou o exercício do julgamento apropriado. Além disso, o contexto mais remoto mostra que toda a Escritura adverte que devemos praticar o julgamento corretamente. 

Nesse sentido, nós acreditamos ser necessário praticar o julgamento em vários níveis da vida cristã cotidiana:

  • Examinar o fruto e discernir o falso ensino: (Mat 7.6; Mat 7.15-20; II Pe 2.1-3)
  • Prática da disciplina na Igreja: (Mat 18.18-20; Tito 3.10-11, I Tm 1.20, I Co 5.3-5)
  • Confirmação dos anciãos: (I Tm 3, Tt 1)
  • Evangelismo: (Mt 28.18-20)

A medida que Jesus continua o seu sermão, ele conta a parábola que ilustra seu significado. (A parábola pode ser encontrada em Lc 6.41-42):

E por que atentas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho? Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.

Perceba que Jesus faz o diagnóstico do julgamento impróprio como sendo o hipócrita e então ilustra o exercício apropriado do julgamento. Você deve primeiro começar com a sua própria vida. Você se arrepende do seu pecado e então você poderá examinar apropriadamente a vida de seu irmão. Em outras palavras, Jesus afirma que seu povo deve se envolver na prática do julgamento. O julgamento apropriado é baseado na realidade ao invés de ser baseado na percepção, fato e não na imaginação, e verdade ao invés da falsidade. William Hendricks escreve:

Ter discernimento e ser crítico é necessário; ser exageradamente crítico é errado. O indivíduo deveria evitar dizer: mentiras (Ex 23.1), algo desnecessário (Pv 11.13), e rude (Pv 18.8). 

O julgamento inapropriado das intenções de coração de uma pessoa, mesmo ao ponto de condenação e criticismo injusto, é proibido na Escritura Sagrada. Nós devemos ser o povo do amor e da humildade. Entretanto, devemos tomar o cuidado para não ser o povo que compromete a verdade passivamente. 

Muitas pessoas que buscam formas de pecar inconsequentemente citam Jesus errado dizendo o famoso: “não julgueis”, exigindo que não sejam julgados, porém o verso em si envolve julgamento.  

Nós não devemos deixar que as pessoas caminhem em uma trilha de pecado por conta de uma visão equivocada que tenham de Lc 6.37 ou Mt 7.1. Em amor, a igreja deve confrontar as pessoas em seu pecado com o objetivo de restaurá-las (vide Mt 18.15-20). Em amor a igreja confronta os descrentes em relação ao seu pecado para evangeliza-las (isso não é errado). Muitas pessoas que buscam formas de pecar inconsequentemente citam Jesus errado dizendo o famoso: “não julgueis”, exigindo que não sejam julgados, porém o verso em si envolve julgamento. Esse verso deve ser interpretado corretamente.Não permita com que as pessoas sejam manipuladores e citem a frase de Jesus errado. 

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Author Judge-Not

Josh Buice

Pastor Pray's Mill Baptist Church

Josh Buice is the founder and president of G3 Ministries and serves as the pastor of Pray's Mill Baptist Church on the westside of Atlanta. He is married to Kari and they have four children, Karis, John Mark, Kalli, and Judson. Additionally, he serves as Assistant Professor of Preaching at Grace Bible Theological Seminary. He enjoys theology, preaching, church history, and has a firm commitment to the local church. He also enjoys many sports and the outdoors, including long distance running and high country hunting. He has been writing on Delivered by Grace since he was in seminary and it has expanded with a large readership through the years.