A Glória da Igreja de Cristo

O que é a Igreja? Se alguém te fizesse essa pergunta, o que você responderia? Você mostraria a diferença entre a Igreja Universal e Local? Você mostraria onde é a igreja que frequenta? Talvez você falasse sobre os fundadores da sua Igreja. Quem sabe você descrevesse sobre as programações e atividades que a sua Igreja oferece. Independentemente de qual fossem as suas respostas, a Escritura nos mostra numerosas descrições que nos auxiliam a entender a natureza e identidade da Igreja. 

A Igreja é o corpo de Cristo

Na primeira Epístola de Paulo aos crentes de Corinto, ele escreve para eles dizendo: 

Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.
Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.
Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos.
Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo.
Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser.
Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato?
Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve.
Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo?
O certo é que há muitos membros, mas um só corpo. (I Coríntios 12:12-20)

Certamente, a mais conhecida de todas as metáforas e descrições da Igreja encontrada na Escritura, é o corpo. Deus, em sua infinita Sabedoria e Graça, nos proveu de pontos referenciais, ilustrações, para nos ajudar a entender melhor quem e o que a Igreja é. Assim fazendo, ele leva nosso entendimento até algo que está além de nossa compreensão humana e nos traz ao nível daquilo que podemos considerar. Como um pai amoroso e paciente, nosso Deus se abaixa para falar conosco, por assim dizer, e nos fornece descrições que nós podemos entender.

Em I Coríntios 12, ele faz isso por intermédio do Apóstolo Paulo ao referenciar os nossos próprios corpos humanos. O ponto de comparação é simplesmente para dizer que assim como o corpo humano é uma entidade, ainda que com muitos membros, tais como ouvidos, olhos, pés, e mãos, assim é com a Igreja. A Igreja Universal é uma só entidade, ainda assim é composta por crentes de toda nação, língua, e povos ao redor do Mundo, com Cristo como cabeça ( Colossenses 1.18, Apocalipse 7.9)

Agora, de fato, existe um mistério profundo encontrado nessa metáfora, como nós encontramos utilizada no livro de Romanos, Efésios, e Colossenses, devemos reconhecer que estamos de alguma forma espiritualmente unidos à Cristo, que está assentado à direita do Pai (Efésios 2.6). Ainda assim, pelo menos algo é bastante óbvio. Essa gloriosa descrição da Igreja está em grande contradição com a divisão e individualismo prevalecentes em nossa cultura hoje. A Igreja de Cristo é viva, um corpo ativo de crentes que são dependentes de Sua cabeça uns sobre os outros. 

A Igreja é o templo de Deus

Ao voltarmos a nossa atenção para a próxima descrição da Igreja que encontramos na Palavra de Deus, o Apóstolo Paulo escreve para os crentes de Éfeso dizendo: 

Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem-ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito. (Efésios 2:19-22)

A magnificência dessa metáfora não deve ser desconsiderada. Uma vez que cada crente genuíno está inundado pelo Santo Espírito, Paulo usa a figura do templo para explicar que a Igreja está sendo construída como um lugar aonde Deus, Ele mesmo, vive tanto agora, como na Eternidade. Testificando a autoria divina do Espírito, o Apóstolo Pedro ecoa essa mesma ideia dizendo: 

Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. 1 Pedro 2:4,5

Através da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo, o Senhor está fazendo crescer o Seu povo, como pedras vivas, ao templo eterno, aonde nós habitaremos para sempre com Deus, é importante que nós meditemos na realidade de que nós não somos mais um amontoado arruinado de entulho caracterizado por nosso passado. Pelo contrário, porque estamos em Cristo, nós somos preciosos à Sua vista e o adorno perfeito para enfeitarmos o templo. Portanto, nós podemos antever o dia em que ouviremos as palavras de Apocalipse 21.13 dizendo em alta voz:

Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.

A Igreja é o rebanho de Deus 

Além de ser descrita como corpo e edifício, nós também descobrimos que a Escritura se refere a Igreja como rebanho. Retomando novamente as palavras do Apóstolo Pedro, ele escreve especificamente aos anciãos da Igreja, dizendo:

pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade;
nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho.(1 Pedro 5:2,3).

A descrição do povo de Deus como rebanho não tem origem no Novo Testamento. Nós vemos também, claro, no salmo 23, bem como nos profetas Isaias e Zacarias. Mas, o Novo Testamento é aonde nós percebemos que Jesus é o Senhor e nosso Bom Pastor. Jesus é nosso Bom Pastor que nos faz repousar em pastos verdejantes e nos leva à aguas tranquilas. Jesus é nosso pastor que está conosco mesmo quando nós andamos pelo vale da sombra onde nossa dor parece tão pesada quanto a própria morte. E, Jesus é nosso pastor que providencialmente dirige sua misericórdia e bondade que nos seguem todos os dias de nossa vida. Além disso, Jesus declara em João 10 que suas ovelhas ouvem a sua voz e que ele entrega a Sua vida por elas. 

Assim, ao considerarmos a bela metáfora da ovelha e do pastor, em referência à Igreja, ela nos fornece uma imagem incrivelmente rica e íntima. É uma imagem de gentileza e ternura pela qual nosso pastor ternamente cuida de nós. É uma imagem de Cristo provendo e protegendo as ovelhas de seu pasto. Do ponto de vista oposto, no entanto, é também uma imagem do papel da Igreja em submeter sua vida ao Senhor Jesus Cristo como ovelhas ao seu pastor. Pois nós somos o rebanho de Deus que pertence a ele.

A Igreja é a família de Deus

Entre os textos em que encontramos as descrições da Igreja, um dos mais importantes é I Timóteo 3. Paulo escreve ao seu protegido, Timóteo, dizendo:

para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade. (1 Timóteo 3:15)

Então, qual é a verdade que a família de Deus, que é a Igreja, deveria reforçar como um pilar, tanto em sua prática como em sua confissão?

Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória.

A realidade abrangente e surpreendente é simplesmente esta: nós, como a Igreja do Deus vivo, somos uma família. Do ponto de vista vertical, somos uma família, porque agora temos Deus como nosso Pai. Embora tenhamos sido órfãos, rebeldes e inimigos de Deus, separados dele como alvos de seu desagrado divino, nosso bom e gracioso Deus enviou seu Filho a este mundo amaldiçoado pela iniquidade para pagar a pena por nossos pecados. Portanto, por causa da obra expiatória de Cristo na cruz e sua ressurreição dentre os mortos, agora fomos adotados na família de Deus. Ele nos abençoou com um novo nome, colocou um manto de justiça sobre nossos ombros, nos trouxe para sua casa e nos forneceu uma cadeira para sentar à sua mesa. Como seus filhos amados, agora temos o privilégio divino de chamá-lo de Pai, crescendo em nosso relacionamento com ele e chegando com ousadia ao seu trono sempre que desejarmos.

Do ponto de vista horizontal, pertencemos à família de Deus, porque agora somos irmãos e irmãs em Cristo. Embora estivéssemos cheios de hostilidade, inimizade e ódio, encontrando todas as razões imagináveis ​​para nos separarmos uns dos outros, nosso Pai nos reconciliou, tanto consigo mesmo quanto uns com os outros. Com o coração cheio de amor, alegria, paz e muito mais, não temos mais motivos para expressar malícia e antagonismo uns com os outros. Não há razão para o ciúme e a discórdia dominarem nossos relacionamentos. Com nossa identidade coletiva agora encontrada em Cristo, sentamo-nos juntos à mesa de nosso Pai celestial e compartilhamos de suas bênçãos divinas. Somos irmãos e irmãs do Deus vivo, membros de sua família real, representando, apoiando e proclamando a verdade do evangelho, que são as boas novas que nos trouxeram para casa. A Igreja de Jesus Cristo é uma família permeada pelo evangelho centralizado e tem, como irmão, aquele que condescendeu e foi vindicado, testemunhou, proclamou, creu e ascendeu. Este irmão da família é o Senhor do céu e da terra.

A Igreja é a Noiva de Cristo

O grande amor com que Jesus, nosso Senhor, demonstrou pela Igreja, leva-nos à quinta e última descrição da Igreja que faremos. Mais uma vez, olhamos para as palavras inspiradas pelo Espírito do apóstolo Paulo, desta vez no capítulo cinco de sua carta aos Efésios:

Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, ,para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. (Efésios 5:25-27). 

Por meio dessa metáfora final, encontramos Paulo dirigindo-se diretamente aos maridos, mas, ao fazê-lo, ele nos fornece uma bela descrição da Igreja. Ela é a noiva do Filho de Deus, e a extensão do amor de Cristo por ela é vista vividamente no sangue que foi derramado e na vida que foi sacrificada por ela. Também descobrimos o triplo propósito do sacrifício de Cristo por sua noiva:

  1. Primeiro, seu desejo de santificar sua amada. Cristo separou a Igreja do Mundo que ela veio, de acordo com seu propósito gracioso e grandioso para fazer valer sua vontade redentora.
  2. Em seguida, seu desejo de levar e limpar a sua noiva de toda a sua pecaminosidade e fazê-la ficar sem mancha alguma, particularmente de sua vida antiga de rebelião e impiedade com a Palavra de Deus. 
  3. Terceiro, Cristo realiza essas coisas, porque ele deseja apresentar a sua noiva para si mesmo em esplendor, sem mancha, ou sujeira, para que ela possa ser santa e sem qualquer marca de imperfeição no dia de seu casamento. 

Como crentes genuínos e membros da Igreja, somos o corpo de Cristo. Nós somos o templo de Deus. Nós somos o rebanho de seu pasto. Somos membros de sua família. E nós somos a noiva de Cristo. Ao considerarmos nosso chamado como a Igreja do Deus vivo, podemos começar reconhecendo como Deus nos vê em Cristo. Que possamos começar compreendendo o que Deus declarou sobre o propósito e a natureza da Igreja, não nos contentando com algo que está muito aquém da realidade divina, mas, em vez disso, fixando nosso olhar na gloriosa certeza do que Deus está realmente realizando por meio de Seu Filho. 

Portanto, enquanto nos esforçamos para ter um vislumbre das realidades gloriosas da Igreja, podemos nos apegar ao que Deus declarou, abraçá-lo com grande entusiasmo e começar a andar de uma maneira que se alinhe com a dignidade do evangelho ao qual nós fomos chamados.

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