Pensai nas Coisas que São de Cima

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Um dos versículos mais conhecidos de todas as Escrituras sobre o canto é encontrado em Colossenses 3:16. Entretanto, muitas vezes citamos esse versículo isoladamente e não reconhecemos o contexto mais amplo em que Paulo dá a ordem de cantar salmos, hinos e cânticos espirituais. Mas, como gostaria que víssemos neste texto nas próximas semanas, existe uma conexão essencial entre o canto e o discipulado que deveria nos compelir a dar grande ênfase ao canto em nossos lares e igrejas.

Em Mateus 28, Cristo comissionou seus apóstolos a fazer discípulos de todas as nações, batizando-os e ensinando-os a observar tudo o que ordenei. De muitas maneiras, as epístolas do NT em particular foram escritas para fazer exatamente isso: elas ensinam os crentes a observar tudo o que Cristo ordenou, muitas vezes de maneiras muito práticas que aplicam os ensinamentos de Cristo às questões da vida cotidiana.

O livro de Colossenses não é diferente. O final do livro em particular, começando no versículo 18 do capítulo 3, trata de como ser uma boa esposa cristã, e marido, e pai, e filho, e servo, e mestre, e até mesmo como se relacionar com os incrédulos ao seu redor.

As Características dos Discípulos

Mas antes de chegarmos à aplicação prática de como observar o que Cristo ordenou, na primeira metade do capítulo 3, Paulo nos diz que tipo de discípulos precisamos ser para viver de uma maneira que glorifique a Cristo.

Ele começa descrevendo a natureza de quem somos como cristãos: “Se então vocês ressuscitaram com Cristo”. Todos os que estão unidos a Cristo também estão sentados com ele no céu. O versículo 3 alude a esta realidade: “Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Nossa identidade como discípulos de Jesus Cristo é que estamos escondidos com Cristo em Deus. O primeiro passo para ser um discípulo é estar em Cristo através da fé nele.

Com base nessa realidade do Evangelho, Paulo dá uma ordem abrangente que ele então esclarece no restante do texto: “Buscai as coisas que são do alto, onde Cristo está, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra.” Devemos direcionar o centro de nossos desejos espirituais para as coisas celestiais, onde Cristo está, e não para as coisas terrenas. Como discípulos de Cristo — seguidores de Cristo, devemos colocar o nosso foco espiritual nele, e não nas coisas terrenas.

Como discípulos de Cristo — seguidores de Cristo, devemos colocar o nosso foco espiritual nele, e não nas coisas terrenas.

Paulo então nos dá quatro maneiras pelas quais os discípulos de Cristo deveriam colocar suas afeições nas coisas do alto e não nas coisas que estão na terra. Não vamos explorar isso em profundidade, mas apenas examinar brevemente à medida que avançamos em direção ao versículo 16.

1. Faça as Paixões terrenas morrerem.

Primeiro, começando no versículo 5, Paulo ordena aos discípulos que matem as paixões terrenas. Devemos matar a imoralidade, a impureza, a paixão, o mau desejo e a cobiça. Devemos abandonar a raiva, a ira, a malícia, a calúnia, conversas obscenas e as mentiras.

É importante reconhecer aqui que estes pecados são, na verdade, abusos das paixões naturais dadas por Deus – não são maus em si mesmos, mas as nossas paixões devem ser controladas antes de nos levarem ao pecado. Deus nos deu o desejo sexual, mas se não for controlado, ele leva à imoralidade. Deus nos deu emoções , mas caso descontroladas, elas levam a desejos malignos e à ira, e assim sucessivamente.

No total, estas são as coisas que os teólogos durante a maior parte da história da Igreja chamaram de paixões terrenas. Em Filipenses 3:19, Paulo descreve os inimigos de Cristo com linguagem semelhante: suas mentes estão voltadas para as coisas terrenas. E ele usa uma metáfora grega muito comum da época para descrevê-los: “o deus deles é o ventre”. Na Grécia antiga, a barriga era frequentemente usada como metáfora das paixões físicas que, se não controladas, levariam as pessoas a comportamentos imorais.

Mas Paulo diz que um discípulo de Cristo deve matar as paixões terrenas e descontroladas que nos levam ao pecado.

2. Vista-se de Afeições Espirituais.

Em vez disso, em segundo lugar, os discípulos de Cristo devem revestir-se de afeições espirituais. O versículo 12 diz literalmente que devemos ter “corações de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência”. A palavra grega traduzida como “corações” é uma palavra que se refere literalmente à parte superior do tórax. A Ferreira de Almeida traduz como “entranhas de misericórdia”.

Novamente, esta era uma metáfora grega comum. Enquanto “barriga” se referia às paixões físicas, “peito” se referia a nobres afeições espirituais. Então Paulo está dizendo aqui, os discípulos de Cristo devem matar a barriga e colocá-la no peito. Mate as paixões terrenas e revesta-se de afeições espirituais. Mate a raiva, ira e a malícia e revesta-se de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.

Mate as Paixões terrenas e Revista-se das espirituais

3. Viva em Harmonia com o Corpo de Cristo.

Terceiro, à medida que avançamos para a aplicação prática, Paulo dá uma ordem aos discípulos para viverem em harmonia terna com o corpo de Cristo. Ele diz no versículo 13 para suportarmos uns aos outros e para perdoarmos uns aos outros (versículo 14).

E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.

Fomos chamados em um só corpo, diz Paulo no versículo 15, mas esse corpo é composto de muitos membros com uma diversidade de origens, etnias, experiências e dons. Paulo descreve tal diversidade no versículo 11: gregos, judeus, circuncidados, incircuncisos, bárbaros, citas, escravos e livres. Esse tipo de diversidade, se não supervisionada, gera caos.

O amor corretamente ordenado, Paulo está dizendo, unirá a diversidade do povo de Deus em perfeita harmonia, de tal forma que, quando a desordem ameaçar o corpo, a paz de Cristo governará em nossos corações. Esse tipo de harmonia terna e pacífica é para o que fomos chamados no corpo de Cristo. É por esse tipo de harmonia amorosa que devemos matar as paixões egocêntricas e revestir-nos de afeições espirituais.

4. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente.

Finalmente, o quarto mandamento que Paulo dá aos discípulos no versículo 16 é: “Deixai que a Palavra de Cristo habite ricamente em vós”. O discipulado é impossível sem a Palavra de Cristo, pois Jesus disse que fazer discípulos envolve fundamentalmente ensiná-los a observar tudo o que ele ordena. Para observarmos o ensino de Cristo, tal ensino deve habitar ricamente em nós.

É a Escritura inspirada, Paulo diz em 2 Timóteo 3:16, que é proveitosa para o discipulado: para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a educação na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e equipado para toda boa obra. ”Essa é uma definição sucinta de discípulo, e isso não pode acontecer sem que a Palavra de Cristo habite ricamente em nós.

Agora poderíamos, é claro, gastar muito mais tempo expandindo esses versículos e as implicações do que Paulo ordena aos discípulos, mas para nossos propósitos é instrutivo resumir esses quatro mandamentos. Os discípulos de Cristo devem:

  1. Matar as paixões terrenas.
  2. Revestir-se de afeições espirituais.
  3. Viver em harmonia terna com o corpo.
  4. Deixar a Palavra de Cristo habitar ricamente em sua vida. Isto é o que significa buscar as coisas que estão acima.

Na próxima semana, veremos como a ordem de Paulo para cantar como congregação se enquadra neste tema mais amplo de discipulado.

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Scott Aniol | Brasil

Scott Aniol, PHD, é o vice presidente executivo e o editor chefe do ministério G3. Ele é palestrante internacional, atuando em diversas igrejas, conferencias, faculdades, e seminários. Scott já escreveu diversos livros e dezenas de artigos.

Você pode saber mais a respeito dele em www.scottaniol.com Scott e sua esposa, Becky, tem quatro filhos. Caleb, kate, Christopher e Caroline.